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Policial

Traficantes conseguem levar 80% das drogas "ao consumidor", estima juiz

Só no primeiro semestres de 2013, conforme dados da PRF 11,2 toneladas de maconha, 569,1 kg de cocaína e 11,9 kg de crack foram apreendidos nas rodovias federais.

Campo Grande News

05 de Agosto de 2013 - 10:26

“Basta sair na rua e jogar um laço”, diz o juiz Federal Odilon de Oliveira sobre as constantes prisões de traficantes e consequentes apreensões de drogas em Mato Grosso do Sul. No entanto, mesmo com a facilidade de se conseguir interceptar os atravessadores de drogas, o magistrado acredita que as apreensões feitas pela polícia representam apenas 15% do tráfico dos entorpecentes.

De acordo com o juiz, “o que as polícias apreendem representam de 15% a 20% do tráfico, no máximo. Os outros 80% das drogas passam pelas cidades, de qualquer maneira”. Odilon também explica que, atualmente, para escaparem das fiscalizações, as drogas são transportadas em carros pequenos, de passeio, em caminhões que transportam carvão e madeira, e até em bicicletas.

Só no primeiro semestres de 2013, conforme dados da PRF (Polícia Rodoviária Federal) de Mato Grosso do Sul), 11,2 toneladas de maconha, 569,1 kg de cocaína e 11,9 kg de crack foram apreendidos nas rodovias federais.

Como comparação, nos primeiros semestres dos anos anteriores, a quantidade de apreensões ficou da seguinte maneira: maconha: 15,5 toneladas em 2012, 5,9 toneladas em 2011 e 12,4 toneladas em 2010; cocaína: 2,3 toneladas em 2012, 812,1 kg em 2011 e uma tonelada em 2010; e crak: 117,3 kg em 2012, 36,6 kg em 2011 e 13,81 kg em 2010.

“Maconha e cocaína são as mais comuns”, diz Odilon sobre os entorpecentes que costumam passar pelo Estado. Na maior parte das vezes, essas drogas são fabricadas no Paraguai, na Bolívia, na Colômbia e no Peru. Por causa da localização geográfica do Estado, Mato Grosso do Sul serva de rota comum para a droga.

Entretanto, drogas como anfetaminas, barbitúricos, haxixe, lança-perfume e até pés de maconha são encontradas pelas polícias. “Mato Grosso do Sul é rota, mas também tem um consumo pesado”, lembrou o magistrado.

Epidemia – Para enfrentar a ação dos criminosos, “uma epidemia”, como avalia o juiz, a ação conjunta entre a PF (Polícia Federal), a PRF e o DOF (Departamento de Operações de Fronteira) é fundamental. “Uma atuação mais intensa”, classifica.

Para Odilon, “a produção vem crescendo e a polícia vai ficando menos preparada com os novos métodos dos traficantes. O contingente policial não aumenta e as condições de trabalho não melhoram na mesma proporção”.

Entretanto, mesmo com a evolução do tráfico, “as policias de Mato Grosso do Sul têm feito um trabalho bom”. A única lamentação do juiz é quanto à atuação do Governo Federal. “Eles [governo] tinham que dar mais estrutura às polícias. Os agentes são bons, desenvolvem um bom trabalho e são qualificados. Eles fazem das tripas ao coração”, afirma.

Fronteira – Uma forma de amenizar o tráfico de drogas em todas as regiões do País, de acordo com Odilon, a fronteira da União deveria receber mais atenção do Governo Federal. “O mecanismo de reprimir e prevenir o tráfico é cuidar das fronteiras, que estão totalmente sem policiamento federal”, pondera.

Umas das formas para que isso seja feito, é fazer com que o Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras), desenvolvido pelo Exército Brasileiro , que envolve radares, sistemas de comunicação e veículos aéreos não tripulados para defender a fronteira, seja colocado em prática.

“Isso está demorando de mais. O Sisfron é a atuação e coordenação das inteligências das polícias. O Exército está preparado para isso. O governo deu um prazo de 10 anos para começar a funcionar e esse prazo está quase todo para ser cumprido”, finaliza.