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Política

Câmara veta permuta de área e trava abertura de novo acesso ao Bairro São Bento

O entendimento dos vereadores é de que a permuta traria prejuízo ao município porque a área pública oferecida é 3,5 vezes maior que a particular.

Flávio Paes/Região News

18 de Dezembro de 2016 - 22:57

Na mesma sessão em que aprovou outras três operações similares, para abertura do prolongamento das Avenidas Aquidaban e Antero Lemes e de uma rua no Sidrolar, os vereadores rejeitaram por 7 votos a 5 a permuta de um terreno de 650 metros, pertencente ao empresário Célio Fialho Filho, nas proximidades dos trilhos por outro de 2.300 metros quadrados no Bairro Campina Ipacaray.

Com a decisão, o Legislativo acabou barrando o prolongamento da Rua Targino de Souza, iniciado em setembro, que abriria uma nova ligação entre a área central e o Bairro São Bento pela Rua Lauro Müller. O outro proprietário, que seria atingido pela abertura da rua, Paulo Roberto Gomes, concordou em ceder uma faixa do seu lote, apostando no potencial de valorização do seu imóvel criado a partir da nova via.

O entendimento dos vereadores é de que a permuta traria prejuízo ao município porque a área pública oferecida é 3,5 vezes maior que a particular. Eles ignoraram, segundo o corretor de imóveis Clédio Santiani, uma questão básica: o terreno do empresário fica numa das regiões de maior valorização imobiliária da cidade, que poderia ser negociado por R$ 350 a R$ 450 mil, preço no mínimo equivalente à cotação de mercado dos 2.300 metros quadrados no Ipacaray, onde o metro quadrado é muito mais barato.

“Eu diria, que não seria bom negócio para o empresário, mas uma alternativa excelente do município que hoje não tem recursos para arcar com o valor desapropriação”, sustenta Clédio. Ele lembra que a área no Ipacaray fica próxima de uma valeta onde deságua a enxurrada da parte da alta da cidade e, portanto será preciso um sistema de drenagem para evitar o risco de alagamentos de uma futura construção.

A mesma opinião é manifestada por outro corretor experiente. Wilson Antonio Pacheco, está convencido de que abertura do prolongamento da Rua Trajano de Souza seria o primeiro passo para tirar do papel um projeto viário que é importante para cidade. Wlater da Silva Batista, que atua na área da construção e mantém um barracão no Ipacaray para guardar os equipamentos, não tem dúvida: “não dá pra comparar o valor de um terreno aqui com o lá no centro da cidade”. 

O prolongamento da Rua Lauro Müller com a conexão ao prolongamento da Targino de Souza, é a saída mais viável de curto prazo para garantir a abertura de uma rua que no futuro possa servir de alternativa, sem necessidade da desapropriação de muitos imóveis existentes no traçado ou atravessar parte dos 14 hectares pertencentes à extinta Rede Ferroviária Federal, esplanada da antiga estação ferroviária. Hoje desativada.

Por enquanto fracassaram as tentativas da Prefeitura de assumir até mesmo parcela da gleba urbana da União, sob o controle do Serviço de Patrimônio da União (3 hectares), enquanto o restante está em poder da concessionária da ferrovia, como parte do espólio que administra. Hoje está abandonada, mas serve de lastro de garantia patrimonial em operações bancárias. O traçado mais adequado seria o prolongamento da Rua Sergipe, mas implicaria em desapropriação de imóveis situados na Avenida Dorvalino dos Santos, ocupados por estabelecimentos comerciais.

Para estender a Rua Pernambuco abaixo dos trilhos precisaria desapropriar uma casa. Este traçado chegaria ao centro (para quem está no Bairro São Bento), pela Rua Américo Carlos da Costa (agora recapeada), que passa pelos fundos do camelódromo e tem fluxo reduzido. Transformada em preferencial e mão única, pode servir de binário a João Márcio, no sentido bairro-centro.