Política
Dilma diz que protesto mostra "país forte" e que valeu a pena lutar por democracia
Com a voz embargada, a presidente, ex-presa política durante a ditadura militar, disse que "valeu a pena" lutar pela liberdade
Correio do Estado/G1
16 de Março de 2015 - 16:45
Um dia após os protestos contra o governo em várias cidades do país, a presidente Dilma Rousseff se emocionou ao falar do assunto durante cerimônia de sanção do novo texto do Código de Processo Civil, no Palácio do Planalto, em Brasília.
Com a voz embargada, a presidente, ex-presa política durante a ditadura militar, disse que "valeu a pena" lutar pela liberdade.
"Ontem, quando eu vi centenas e milhares de cidadãos se manifestando, não pude deixar de pensar que valeu a pena lutar pela liberdade, valeu a pena lutar pela democracia. Este país está mais forte que nunca", declarou.
Segundo a presidente, o fortalecimento das instituições democráticas no Brasil torna o país cada vez mais impermeável ao golpismo e ao retrocesso
Um país amparado na separação, independência e harmonia dos poderes, na democracia representativa, na livre manifestação popular nas ruas e nas unas se torna cada vez mais impermeável ao preconceito, à intolerância, à violência, ao golpismo e ao retrocesso, afirmou.
Nas democracias, nós respeitamos as urnas, respeitamos as ruas, afirmou . Ela reiterou que governo sempre irá dialogar com as manifestações das ruas e anunciou que pretende enviar ao Congresso medidas de combate à corrupção.
É assim a nação que todos nós queremos fortalecer. (...) Eu tenho certeza de que o que nós queremos é um lugar em que todos possam exercer os seus direitos pacificamente sem ameaça às liberdades civis e políticas, acrescentou.
A cerimônia contou com as presenças do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux e do ex-presidente da República José Sarney. Mais cedo, a presidente já havia se reunido com o seu conselho político, formado pelo vice-presidente da República Michel Temer e nove ministros, para avaliar o impacto das manifestações.
Novo código
Aprovado pelo Congresso em dezembro passado, o novo Código de Processo Civil (CPC) promete agilizar o andamento dos processos judiciais, trazer mais igualdade nas decisões em casos idênticos e aprimorar a cooperação entre as partes, juízes e advogados.
O CPC é uma lei que define como tramita um processo comum na Justiça, com prazos, tipos de recurso, competências e formas de tramitação. É diferente do Código Civil atualizado em 2002 , que define questões como guarda de filhos, divórcio, testamento, propriedade e dívidas. É também diferente do Código de Processo Penal de 1941 , voltado para o julgamento de crimes. O atual CPC estava em vigor havia 42 anos.
A presidente Dilma classificou a sanção do novo código como um momento histórico porque democratiza ainda mais o acesso à Justiça e se identifica com as demandas do novo país. "O espírito do novo código valoriza a conciliação a busca de entendimentos o esforço pelo consenso como forma de resolver pacificamente os litígios", disse.
Para o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), relator da matéria na Câmara, o novo código tem um peso maior por ter recebido a colaboração de toda a sociedade. Este é o primeiro Código de Processo Civil aprovado no período democrático. (...) Foram anos de tramitação no Congresso com a participação de toda a sociedade.
O ex-senador e ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rêgo (PMDB-PB), relator do texto no Senado, o atual processo civil é moroso e possui traços da ditadura. Hoje, ele dá os seus últimos suspiros de vida", disse, ao ressaltar o primeiro código nascido "fora dos porões do autoritarismo".
O
ministro Luiz Fux, que conduziu a comissão de juristas que reformulou a lei,
afirmou que o novo CPC permitirá ao Poder Judiciário entregar uma resposta
judicial num prazo razoável.
Entre as inovações do novo Código estão o julgamento de causas por ordem
cronológica; a audiência de conciliação no início do processo para tentar um
acordo e evitar abertura de ação judicial; a cobrança de multa para quem entrar
com muitos recursos seguidos; e a determinação de que decisões de tribunais
superiores devem orientar casos semelhantes.
Também participaram da cerimônia no Planalto os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), José Eduardo Cardozo (Justiça), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral), Pepe Vargas (Relações Institucionais), Thomas Traumann (Comunicação Social), José Elito (Segurança Institucional) e Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral da União).




