Política
Fábio Trad vê acordo tácito para abafar investigações da CPMI da Petrobras
Já no começo deste mês de julho, no dia 2, o governo voltou a manobrar para impedir a votação de requerimentos na CPMI da Petrobras
Assessoria
15 de Julho de 2014 - 14:45
O deputado federal Fábio Trad (PMDB-MS) criticou duramente, nesta terça-feira (15), a construção de um acordo vergonhoso para frustrar a apuração da CPI da Petrobras sobre negócios escusos que podem ter desviado bilhões dos cofres públicos. A CPMI foi instalada no dia 28 de maio para investigar supostas irregularidades envolvendo a Petrobras, ocorridas entre os anos de 2005 e 2014.
Está se desenhando um rotundo malogro a CPMI da Petrobras, frustrando a expectativa dos brasileiros que foram vítimas de crimes envolvendo quantias bilionárias. Surgem sinais cada vez mais claros de que um acordo tácito, construído sendo construído nos subterrâneos da política, foi feito para abafar as investigações no Congresso, lamentou Fábio Trad.
Apesar dessas constatações, Fábio ainda acredita que esse cenário possa ser alterado. Tenho esperanças, porém, de que alguns membros da CPMI, cuja história política desautoriza qualquer ilação negativa sobre seu comportamento ético se levantarão contra a letargia que assolado os trabalhos da comissão a fim de que todo o Brasil possa conhecer os meandros desta complexa rede de corrupção que se apropriou de bilhões de reais de impostos pagos pelos brasileiros para bolsos particulares, declarou.
Manobras do governo A maioria governista do Congresso tem feito manobras para impedir as investigações da CPMI da Petrobras. No dia 18 de junho, por exemplo, a base governista não compareceu e com isso evitou a realização da sessão da CPMI que votaria a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor de Abastecimento da petroleira Paulo Roberto Costa, ambos presos e investigados pela Polícia Federal por suspeita de lavagem de dinheiro.
Já no começo deste mês de julho, no dia 2, o governo voltou a manobrar para impedir a votação de requerimentos na CPMI da Petrobras. Até mesmo o relator da comissão, deputado federal Marco Maia (PT-RS), só chegou à sala de reunião minutos depois de seu encerramento por falta de quorum. Mais de 390 requerimentos aguardam deliberaram dos membros da comissão.
São membros titulares da CPI Mista 16 senadores e 16 deputados, havendo igual número de suplentes. O prazo de investigação é de até 180 dias.
Irregularidades - São citados os seguintes fatos aos quais as irregularidades a serem investigadas estariam relacionadas: compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), lançamento ao mar de plataformas inacabadas, pagamento de propina a funcionários da estatal e superfaturamento na construção de refinarias.
O negócio que resultou na compra da refinaria de Pasadena foi tão ruim para o País que até mesmo a atual presidente da Petrobras, Graça Foster, já admitiu isso várias vezes. No depoimento à CPMI, dia 11 de junho, a dirigente afirmou que não foi um bom negócio. A refinaria foi comprada pela belga Astra Oil por US$ 42,5 milhões e, logo depois de receber investimentos da ordem de US$ 360 milhões, revendida à Petrobras por US$ 1,249 bilhão, sendo considerada hoje de baixo retorno.
A presidente da estatal também admitiu, naquele depoimento, o elevado custo da refinaria de Abreu e Lima, que acabou não contando com a parceria prometida pela Venezuela, através da PDVSA. Ela chegou a chorar ao ser indagada se a empresa fez conta de padeiro ao analisar os custos iniciais da refinaria de Abreu e Lima em US$ 2,5 bilhões. Hoje orçado em US$ 18,5 bilhões, o projeto inicial nunca saiu do papel e, pelos custos estimados, seria inviável em qualquer país.




