Peres usa decreto para comprar sem licitação R$ 730 mil de empresários aliados

O decreto de emergência administrativa assinado semana passada pelo prefeito interino Ilson Peres já está abrindo as portas (e os cofres) da Prefeitura de Sidrolândia para empresários aliados e patrocinadores de campanha do ex-prefeito Enelvo Felini. Sem as amarras dos ritos burocráticos e legais das licitações, numa canetada só Peres contratou a aquisição de R$ 730,4 mil em produtos que atenderão a administração ao longo dos três meses de interinidade que vai se estender até a posse do prefeito a ser eleito em 03 de março.

O contrato mais vultoso é o de fornecimento de combustível, no valor de R$ 680.230,00 que  beneficia apenas dois postos (o Nossa Senhora da Abadia e o Pé de Cedro) pertencentes a empresários aliados do ex-prefeito. Em média a prefeitura gasta por mês R$ 200 mil com combustível (especialmente óleo diesel), que tem maior consumo com a manutenção das estradas vicinais.

O Pé de Cedro é da empresária Maria Gilca Vilalba Nunes, vice-presidente do diretório municipal do PP, partido da base do prefeito e do arco de alianças da chapa do PSDB que vai disputar a Prefeitura em março. O Nossa Senhora da Abadia é do empresário Francisco Medeiros. O ex-gerente do posto, Lo Lun Paul, presidente do diretório municipal do PTB, foi nomeado para coordenadoria municipal de habitação, cargo que lhe assegura um salário de R$ 5.250,00.

O curioso é que Peres resolveu dispensar a licitação para compra de combustível (invocando o decreto da emergência administrativa), embora já houvesse um fornecedor habilitado (vencedor da licitação realizada no fim do ano passado). O Posto Vacaria está em condições de manter o abastecimento da frota de veículos e equipamentos rodoviários da prefeitura.

O detalhe que fez toda a diferença é que é posto pertence  aos empresários Moacir Almeida (filiado ao PMDB) e Aroldo Calves, filiado ao PT, ex-vereador, que esteve cotado para ser o vice na chapa encabeçada pelo empresário Acelino Cristaldo, candidato apoiado pelo ex-prefeito Daltro Fiúza.

Estas ligações políticas podem custar aos dois empresários (também proprietários da Vacaria Transporte e Turismo) a exclusão do transporte escolar. Para não contemplar (ou dificultar) que ambos continuem prestando um serviço que tem custo mensal de quase R$ 200 mil, o prefeito Ilson Peres dispensou o decreto da emergência que aplicou para favorecer alguns empresários aliados do ex-prefeito Enelvo Felini.

Para o transporte escolar, Peres preferiu o rito formal da lei das licitações, embora haja pouco tempo para o processo ficar concluído até o início das aulas (dia 06 de fevereiro). Em entrevista ao Região News ele garante que não há risco de prejuízo para os 4 mil alunos que dependem do transporte para chegar a sala de aula. A Prefeitura deve R$ 560 mil do serviço prestado ano passado. Enquanto os salários não forem pagos, não haverá pagamento de fornecedores ou prestadores de serviço, conforme afirma o prefeito.

 As conexões político-empresariais também foram determinantes na escolha dos fornecedores de gêneros alimentícios e material de expediente para a prefeitura.  Para este fim foram firmados contratos (sem licitação) no valor de R$ 35.258,11. São três empresas beneficiadas, duas de aliados explícitos do ex-prefeito Enelvo Felini: o Nutri Shopping Ltda, do empresário Dalto Pavei e o Supermercado Sidrolândia, do ex-vereador Gilmar Santi, que em 2008 deixou o PDT porque o partido negou apoio à candidatura a prefeito de Enelvo.

Para o serviço de tapa-buraco a Prefeitura comprou R$ 15 mil em emulsão asfáltica da empresa Greca Distribuidora  de Asfalto Ltda. 

Outro contrato fechado pela Prefeitura foi no valor de R$ 143.049,70 para compra de medicamentos e equipamentos hospitalares. Foram beneficiadas as empresas Cirumed Comércio Ltda, Transmed Distribuidora de Medicamentos Hospitalares Ltda e Decom Comércio de Equipamentos e produtos Odontológicos Médicos Hospitalares Ltda.