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Sidrolandia

Após rejeitar transferência, Nova Tereré agora quer sair de área em nascente de córrego

Ano passado, também por influência das lideranças, as famílias rejeitaram a proposta da Prefeitura de reassentamento numa área de 5 hectares no Jardim Petrópolis

Flávio Paes/Região News

05 de Fevereiro de 2017 - 21:41

Lideranças da Aldeia Nova Tereré protocolaram em dezembro no Ministério Público Federal em Campo Grande, no qual pedem o apoio dos procuradores para que cobrem da Prefeitura uma área de 10 hectares onde as famílias possam ser reassentadas. Desde 2011 elas estão numa área de preservação, próxima a nascente do Córrego Cortado (afluente do Rio Buriti), adquirida pelo ex-prefeito Daltro Fiuza.

Mesmo com as restrições ambientais, Daltro influenciou o Governo do Estado a construir 21 casas num terreno acidentado, que alaga com o transbordamento do córrego e a enxurrada, onde mina água e por isto não há como perfurar fossa.

Ano passado, também por influência das lideranças, as famílias rejeitaram a proposta da Prefeitura de reassentamento numa área de 5 hectares no Jardim Petrópolis, um terreno plano, próximo de onde estão, livre de alagamentos. No local, que já tem energia elétrica e as ruas foram abertas, foi criada a Aldeia Nova Nascente, com 80 famílias terenas que estavam pagando aluguel na cidade e na própria aldeia Tereré.

Em 2016 o Ministério Público arquivou o inquérito civil que busca responsabilizar o município pela situação, após a manifestação da então procuradora jurídica da Prefeitura, Patrícia Dal Paz Próbio. No documento, datado de 26 de maio do ano passado, Patrícia informa ao procurador da República, Emerson Kalif, que estava em processo de desapropriação uma área de 3 hectares (posteriormente ampliada para 5 hectares), onde as famílias seriam reassentadas. 

Os índios denunciaram à Prefeitura de crime ambiental, porque teria retirado cascalho da área para usar na manutenção das ruas, provocando estragos no entorno da nascente do Cortada. 

São 80 famílias na Nova Tereré, pelas contas do cacique Carlinhos Júlio Basílio, 30, na estimativa do ex-vereador Sérgio Bolzan, dentro da área de preservação. Em 2014, Bolzan liderou o movimento na Câmara Municipal que obrigou o Executivo a destinar R$ 350 mil do dinheiro obtido com a venda dos 56 hectares da Fazenda Dublin para compra de 5 hectares no Jardim Petrópolis para onde as famílias seriam levadas. A área foi retomada de uma empresa que não honrou o compromisso de instalar no local uma usina de álcool.

A cada chuva os problemas se repetem, inclusive de quem está nas casas construídas pelo Governo. Dona Maria Auxiliadora Lopes Santana, 37 anos, mora com outras sete pessoas da família recebeu as três peças sem acabamento. Como a casa fica perto da nascente do Cortado, quando chove forte, tudo fica alagado e todos ficam em alerta, para salvar os poucos móveis.

Foto: Reginaldo Mello/Região News

Após rejeitar transferência, Nova Tereré agora quer sair de área em nascente de córrego

Presidente do Conselho da Comunidade, Dionísio Gregório, quando chove as fossas das casas de cima escorrem para os terrenos mais baixos.

Em pior situação estão famílias como Ramona Lopes, 53 anos, que mora, com outras 9 pessoas, num barraco de lona. “Não vejo a hora de ter uma moradia digna”. Segundo o presidente do Conselho da Comunidade, Dionísio Gregório, quando chove as fossas das casas de cima escorrem para os terrenos da parte mais baixa.

Foto: Reginaldo Mello/Região News

Após rejeitar transferência, Nova Tereré agora quer sair de área em nascente de córrego

Dona Ramona Lopes, 53 anos, que mora, com outras 9 pessoas, num barraco de lona.