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Sidrolandia

Após vendaval e destruição, Canela decreta estado de emergência

Nesta quinta-feira, a chuva voltou a cair na cidade, o que dificultou o trabalho de reconstrução da Defesa Civil e dos Bombeiros

Bom dia Brasil

23 de Julho de 2010 - 07:55

O município de Canela, no Rio Grande do Sul, decretou estado de emergência após uma tempestade acompanhada de vento de cerca de 124 km/ ter atingido a cidade, na noite de quarta-feira, danificando 407 casas e destruindo outras 81. Nesta quinta-feira, a chuva voltou a cair na cidade, o que dificultou o trabalho de reconstrução da Defesa Civil e dos Bombeiros. A energia já foi restabelecida para a maioria dos imóveis.

Em Canela, pelo menos sete bairros foram atingidos pela ventania. Cerca de 200 pessoas tiveram que dormir fora de casa. Os desabrigados necessitam de colchões e material de construção. Para o fim de semana, a previsão da meteorologia é mais temporais, principalmente, no domingo.

A Defesa Civil do Rio Grande do Sul estima que 5.308 pessoas em quatro cidades tenham sido afetadas pelas chuvas e vendavais no estado na noite desta quarta-feira, que danificaram, total ou parcialmente, 655 residências.

Em Canela, o município mais prejudicado, cerca de 2 mil pessoas foram afetadas de alguma forma, 180 estão desalojadas, 11 estão desabrigadas e 11 ficaram levemente feridas.

No município de Imigrante, atingido por chuva de granizo e vendaval, 3 mil pessoas foram afetadas. Cem residências ficaram danificadas e 20 foram destruídas. Os sistemas de energia e transporte foram afetados.

Em Nonoai, a enxurrada e a chuva danificou estradas, pontes e bueiros, afetando 230 pessoas e danificando 25 casas. A cidade já decretou situação de emergência.

Já na cidade de Ibiaçá, o deslocamento violento de uma massa de ar juntamente com uma forte chuva na área rural e urbana causaram danos em 22 residências e afetaram 78 pessoas.

O balanço divulgado pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul no início da noite desta quinta-feira não cita a cidade de Gramado, mas durante a tarde o órgão já havia informado que os estragos nesta cidade foram menores.

- O município de Gramado também foi atingido, mas em proporções menores. A equipe da Defesa Civil que está na área fazendo o levantamento computou menos de uma dezena de casas destruídas, grande parte comercial - disse o subchefe da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, major Aurivan Chiocheta.

(Leia também: SP tem nesta quinta-feira o dia mais quente do inverno, com 28,4ºC )

O temporal e os ventos fortes da noite de quarta-feira deixaram 11 pessoas feridas em Canela e duas em Gramado. Nesta quinta-feira, foram enviados cobertores, colchões, cestas básicas e telhas aos dois municípios, para auxiliar na reconstrução e no atendimento às famílias desabrigadas.

Os meteorologistas avaliam se o vendaval foi um tornado. Veja imagens da destruição

" O cenário é de destruição. São mais de 200 árvores derrubadas, centenas de imóveis destruídos, ruas detonadas, postes de luz arrancados "


A chuva acompanhada de vendaval aconteceu por volta de 21h desta quarta-feira.

- Houve um forte contraste térmico. Fazia calor durante à tarde e, à noite, uma frente fria chegou, formando nuvens carregadas, trazendo chuva e ventania - explica o meteorologista Alexandre Nascimento, da Climatempo.

Segundo a Prefeitura de Canela, o vento forte não durou mais do que um minuto. O prefeito da cidade, Constantino Orsolin, disse que os bairros mais atingidos foram Vila do Cedro, Vila Maggi, Santa Marta, São José e Santa Terezinha. Uma fábrica de móveis foi totalmente destruída pela força do vento. Orsolin diz que o cenário é desolador.

- O cenário é de destruição. Uma fábrica inteira de móveis foi derrubada, ruas foram detonadas, esgotos estão entupidos, postes de luz foram arrancados - conta o prefeito.

Mais de 250 casas e imóveis foram atingidas/Foto Rita Souza, Prefeitura de Canela

Entre os imóveis com danos, segundo o prefeito, estão pousadas que tiveram telhas arrancadas. Nesta época do ano, Canela recebe milhares de turistas que vão em busca de temperaturas próximas de zero. De acordo com o prefeito, não há informações de turistas feridos.

O município pediu auxílio aos municípios de Igrejinha, São Francisco de Paula e Nova Petrópolis para auxiliar na doação de colchões, lonas e kits de primeiros socorros. Bombeiros e Prefeitura trabalham em conjunto para ajudar as famílias que tiveram suas casas destruídas. Lonas são distribuídas para cobrir os imóveis destelhados. A Prefeitura informou que pretende alugar casas para abrigar as vítimas do vendaval.

Não há registro de mortes. Os feridos foram encaminhados ao Hospital de Caridade de Canela, mas já tiveram alta.

Segundo o prefeito, a maioria dos desalojados foi para casas de amigos e parentes. Um alojamento foi disponibilizado na sede do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Querência.

Por causa da ventania, a programação de shows da Festa Colonial, que acontece no Centro de Feiras de Canela, foi cancelada na quarta-feira, mas volta ao normal nesta sexta-feira.

Os meteorologistas ainda não sabem precisar se o vendaval que atingiu as duas cidades foi um tornado. Os ventos de um tornado ficam entre 116 km/h e 400 km/h, causam destruição rapidamente e ficam restritos a uma determinada área. As árvores também ficam retorcidas.

A costureira Liege Guimarães Leal, 29 anos, de Gramado, disse ao site ClicRBS que viu sua casa ser totalmente destelhada com os fortes ventos que, segundo ela, não duraram mais do que 40 segundos. O imóvel de dois pisos, no bairro Carniel, abrigava uma família com 10 pessoas. Pelo menos seis casas tiveram danos no bairro.

- Foi horrível. O telhado simplesmente voou - contou.