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Sidrolandia

Bronca e meia em Carlos Eduardo dá a pista: Mano quer seleção criativa

É sinal de que eles têm essa atitude, de confiar em sua capacidade”. Mano Menezes se referia à maneira quase atrevida como o time do Brasil atuou em Nova Jérsei.

Terra

12 de Agosto de 2010 - 08:43

Uma das frases ditas pelo técnico da seleção brasileira depois da vitória sobre os Estados Unidos por 2 a 0, na noite desta quarta-feira, foi esta: “Personalidade não se dá para ninguém, se tem ou não se tem. É sinal de que eles têm essa atitude, de confiar em sua capacidade”. Mano Menezes se referia à maneira quase atrevida como o time do Brasil atuou em Nova Jérsei.

O treinador sabe que a equipe jogou solta, com algumas determinações táticas ou, como o próprio Mano disse, com “boa organização tática”.

Aí se encontra uma pista de como ele quer ver o selecionado: obediente a um sistema sólido de marcação e solto na frente, com posicionamento e variações treinadas antes.

Daí a explicação para algumas reações de Mano depois da partida. O meia gaúcho Carlos Eduardo, contou ao Blog do Boleiro que levou uma bronca e meia do técnico porque caprichou demais em uma finalização e também por ter dado um passe de letra.

Carlos Eduardo entrou em campo aos 28 minutos do segundo tempo, no lugar de Éderson (Lyon), que tinha protagonizado a estréia mais curta de um atleta na seleção brasileira.

Ele tinha entrado em campo no lugar de Neymar. No primeiro lance que participou, sofreu uma lesão muscular na coxa esquerda. “Fiquei triste. Ele é gente boa demais. Entrou e se machucou no primeiro pique. Mas vai trabalhar para voltar”, disse Carlos Eduardo.

O meia do Hoffenhein embarcou para a Alemanha na noite desta quarta-feira. Do aeroporto em Nova Iorque, ele conversou com o Blog do Boleiro, pelo telefone. A entrevista que segue abaixo tem também trechos de uma entrevista realizada no sábado passado.

Blog do Boleiro – Como você avalia esses 20 minutos em campo?
Carlos Eduardo –
Foi legal. Acho que aproveitei a oportunidade. Fiz minha parte, tentei criar algo mais.

Jogar neste time é também tentar criar jogadas diferentes?
A seleção brasileira mostrou o que todo mundo queria ver: a equipe movimentou bem, marcou bem e criou. É um recomeço. Uma nova geração que está disposta a mostrar o que sabe. E o ambiente é muito legal.

Em campo, você deu um passe de letra. Faz parte do repertório?
Faz, mas sabe que o Mano (Menezes, técnico) ficou meio bravo?

Ficou?
Ele disse que ali era meio desnecessário.

Ele falou também da oportunidade de gol que você teve e perdeu ali dentro da área?
Ele brincou comigo. Perguntou: “Você não queria fazer gol?”

E você não queria?
Ali, eu pensei que o goleiro (Guzan, dos EUA) estava mosto no lance. Bati colocado no canto direito dele. Mas não bati com força suficiente. O gramado que eles puseram, segura um pouco a bola. Deu tempo para o goleiro desviar. Acabei errando. Estava louco para fazer um gol.

Uma bronca e uma brincadeira. Acha que o Mano ficou satisfeito com você?
Acho que sim. Busquei o jogo, corri, trabalhei como ele queria ali na frente. Espero que ele tenha gostado.

Em alguns momentos, você trabalhou a bola com Paulo Henrique. Os dois são canhotos. Dá para jogar com ele?
Ah, dá. A gente tem algumas características iguais, mas é só a gente conversar que dá para complementar em campo. Não senti nenhuma dificuldade.

Quando o Mano Menezes dirigiu você no Grêmio em 2007, Ele queria o time ofensivo?
O Mano é um cara inteligente, que trabalha com o time que tem. No Gauchão e na Libertadores daquele ano, nosso time era de toque de bola, bem estruturado, organizado atrás e no meio. Na frente, ele dava liberdade para a gente criar. Nós ganhamos o estadual e fomos finalistas da Libertadores jogando assim.

Você está no Hoffenheim há três anos. O que mudou no seu jeito de jogar?
Primeiro, adquiri mais força. Quando cheguei na Alemanha, pesava 63 quilos. Hoje estou com 70, 71 quilos. Isso tudo é massa muscular. Fiquei forte (risos…). Evolui taticamente. Aprendi a ajudar na marcação. Cheguei a mudar um pouco meu estilo, mas voltei.

Como foi isso?
Faz um ano e meio. Eu me toquei que estava me tornando um jogador normal, daqueles que pega e toca e só. Aí pensei: “Não sou um jogador assim. Sei driblar, ir pra cima, criar jogadas. Aí voltei a procurar este tipo de jogo. Pedi ao treinador que não me usasse como segundo volante. Nada contra, mas jogar do meu jeito dá mais alegria.

Você tem 23 anos, está na terceira temporada. Acha que encarou bem as mudanças?
No primeiro ano, ajudei o time a subir da Segunda para a Primeira Divisão. Na temporada seguinte, conquistamos o título do inverno. O clube é muito bom, bem estruturado. Ainda quero jogar em um time grande da Europa, mas tenho contrato até 2013.

Voltar para a Alemanha depois de um jogo como este amistoso contra os Estados Unidos pode ajudar você a ter mais espaço para criar?
Acho que o sistema de jogo da minha equipe não deverá mudar. Mas é bom poder mostrar jogadas de efeito. A verdade é que o futebol do Brasil é visto como técnico, de habilidade. Se a seleção seguir por este caminho, pode reconquistar seu prestígio internacional.