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Sidrolandia

Caminhoneiros estão mais conscientes sobre a gravidade da exploração sexual infantojuvenil

Childhood Brasil

01 de Agosto de 2012 - 07:25

A comercialização sexual de crianças e adolescentes continua fazendo parte do cenário atual das rodovias brasileiras, mas, a boa notícia é que, de forma geral, os caminhoneiros estão mais conscientes e engajados na proteção de crianças e adolescentes contra o abuso e a exploração sexual.

É o que mostra a 2ª edição da pesquisa O Perfil do Caminhoneiro Brasileiro, realizada para a Childhood Brasil no âmbito do Programa Na Mão Certa, lançado há cinco anos para enfrentar a exploração sexual infantojuvenil nas estradas brasileiras.

O trabalho é voltado para empresas de diferentes portes e segmentos, não apenas transportadoras.

“Estamos no caminho certo para expandir a rede de proteção de crianças e adolescentes da exploração sexual nas rodovias, com a soma de esforços do poder público, das empresas signatárias e dos próprios caminhoneiros”, destaca Rosana Junqueira, coordenadora do Programa Na Mão Certa.

A 1ª edição da pesquisa O Perfil do Caminhoneiro Brasileiro foi realizada pela Childhood Brasil em 2005 e seus resultados embasaram a criação do Programa Na Mão Certa.

O novo levantamento, de 2010, foi executado pelo núcleo de pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Sergipe, em parceria com o Núcleo de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e com patrocínio do Instituto Arcor Brasil, Fibria e MAN Latin América, todas signatárias do Pacto Empresarial do Programa Na Mão Certa. Para o levantamento, foram entrevistados, 343 caminhoneiros.

As entrevistas foram realizadas entre os meses de junho e setembro de 2010, em sete cidades brasileiras: Porto Alegre (RS), Itajaí (SC), Cubatão e Santos (SP), Belém (PA), Natal (RN) e Ara­caju (SE).

Os dados apurados apontam que, devido às ações e campanhas que vêm sendo empreendidas pela Childhood Brasil e outras organizações, o número de caminhoneiros que pagam para ter relações sexuais com crianças e adolescentes diminuiu.

Quando questionados se já saíram com menores de 18 anos, 82,1% dos entrevistados disseram que não em 2010; em 2005 esse índice foi de 63,2%.

Além disso, enquanto em 2005 apenas 20,8% dos profissionais entrevistados responderam saber que a prática era errada, 37% deles estavam conscientes da gravidade do problema nesta última pesquisa.

O fato de ficarem muito tempo parados aguardando a carga é apontado como fator de vulnerabilidade para a exploração sexual de crianças e adolescentes.

Os entrevistados também confirmaram que estão mais familiarizados com as leis e os serviços de proteção a crianças e adolescentes.

A maioria afirma ter conhecimento Conselho Tutelar (91,6%), do Estatuto da Crian­ça e do Adolescente (76%), do Juizado de Menores (76,6%), da campanha contra exploração de crianças e adolescentes no Brasil (61,7%) e do Disque-Denúncia Nacional – Ligue 100 (56,2%).

Também houve um aumento no número de motoristas que já utilizaram o Disque-Denúncia: 4,9% em 2010, con­tra 1,3% em 2005.

No levantamento anterior, apenas 12,1% disseram já ter dito algum contato com campanhas contra exploração sexual de crianças e adolescentes; em 2010, esse percentual triplicou, subindo para 30,4%.

A necessidade financeira da criança ou da família foi o princi­pal motivo, na opinião dos entrevistados, para jovens com menos de 18 anos se envolverem em situações de exploração sexual.

De acordo com eles, a média do valor do programa com crianças e adolescentes foi de R$ 25,05, acima do valor apontado em 2005, que foi de R$ 17,26.

As regiões Nordeste e Norte do país são ainda as mais citadas pelos caminhoneiros como locais onde predomina a comercialização infantojuvenil.

Hoje, as estradas federais paulistas têm um ponto vulnerável para comercialização infantojuvenil a cada 11 km.

Segundo mapeamento feito em 2010 pela Polícia Rodoviária Federal, os grandes pontos de circulação estão próximos a comunidades carentes.

O foco do Na Mão Certa é atuar em projetos educativos para sensibilizar os profissionais das estradas e tranformá-los em agentes de proteção da infância.

O Programa tem crescido muito: em apenas cinco anos já soma 943 empresas e entidades empresariais signatárias, principalmente das áreas de transporte, construção e turismo.