Sidrolandia
Caso Mércia: advogado diz que ex-namorado está escondido em Guarulhos
Cerca de 30 agentes da polícia civil procuram por Mizael em Guarulhos e no litoral de São Paulo, onde ele tem um casa
O Globo
05 de Agosto de 2010 - 08:04
O advogado Samir Haddad Júnior, que defende o ex-policial Mizael Bispo de Souza, afirmou que seu cliente está escondido em Guarulhos, na Grande São Paulo, onde mora. Mizael está foragido depois de ter tido a prisão preventiva decretada pela Justiça e o advogado afirmou que ele não pretende se entregar. Ele é acusado pela morte da advogada Mércia Nakashima, de quem foi namorado.
Cerca de 30 agentes da polícia civil procuram por Mizael em Guarulhos e no litoral de São Paulo, onde ele tem um casa. A Polícia Federal e policiais de de outros estados também ajudam nas buscas.
Nesta quarta-feira, a defesa de Mizael entrou com pedido de habeas corpus ao Tribunal de Justiça de São Paulo. O advogado quer que seu cliente responda o processo em liberdade. A Justiça deve se pronunciar esta semana.
Ele foi indiciado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e emprego de meio cruel). O vigia Evandro Bezerra da Silva, acusado de ajudar Mizael no crime, foi denunciado por homicídio duplamente qualificado, e já está preso. Ele foi transferido nesta quarta-feira de Guarulhos, na Grande São Paulo, para um Centro de Detenção Provisória (CDP) na capital.
A casa de Mizael, em Guarulhos, está fechada. Na rua onde ele mora, ninguém viu o ex-policial.
- Vamos tentar localizá-lo. O juiz pediu que o tratássemos com todo o respeito e assim vai ser - disse o delegado Antonio de Olim, responsável pelas investigações.
Nesta terça-feira, a Justiça aceitou, em parte, a denúncia do Ministério Público (MP) e decretou, por volta das 16h desta terça-feira, a prisão preventiva de Mizael.
Mércia Nakashima foi encontrada morta na represa de Nazaré Paulista, a 59 km de São Paulo em 11 de junho .
(Leia também: Justiça decreta prisão preventiva de empresário acusado de matar arquiteta em Campo Grande )
O Ministério Público (MP) de São Paulo apresentou nesta segunda-feira à Justiça de Guarulhos a denúncia contra os dois agora réus do processo. O promotor de Justiça Rodrigo Merli Antunes ainda pediu que a prisão temporária de Evandro, que venceria no próximo domingo, fosse transformada em preventiva.
- Os denunciados estão envolvidos em crime de extrema gravidade, demonstrando insensibilidade moral e enorme periculosidade - disse o juiz na sentença.
Para o magistrado, o crime teve requintes de crueldade. "Trata-se de um crime hediondo, premeditado, com requintes de crueldade e extrema frieza em seu cometimento. Há veementes indícios de autoria ou participação e materialidade de crime que se traduz em verdadeiro câncer social", afirma o juiz Leandro Jorge Cano na decisão.
Ambos foram ainda denunciados pelo MP por ocultação de cadáver, mas o juiz Leandro Jorge Cano, de Guarulhos, entendeu que não houve o crime. "A intenção de jogar a vítima na represa não era de ocultar o cadáver e sim de consumar o delito doloso contra a vida", disse o magistrado na sentença.
Na segunda-feira, o promotor Rodrigo Merli Antunes disse que acredita que os acusados devem responder por ocultação de cadáver pois tinham desejos autônomos: de matar e de esconder o corpo.
- Mizael arremessou o veículo, procurou a parte mais funda da represa. Tem gente que diz que como ela estava viva quando o carro foi arremesado, não há cadáver. Mas não sabemos se Mizael achava que ela estava viva ou não - disse Antunes.
O MP informou que o promotor Rodrigo Merli Antunes provavelmente irá recorrer da rejeição da denúncia com relação ao crime de ocultação de cadáver, assim que for formalmente comunicado da decisão.
O juiz entendeu que tentaram destruir provas do crime. "Existem provas irrefutáveis nos autos de que alguém tentou apagar os vestígios do crime, seja arremessando o veículo na represa e até mesmo desaparecendo com o chip do telefone da vítima, notadamente com o único intuito de prejudicar as investigações e obter a impunidade", diz na sentença.
Mizael já teve a prisão temporária decretada no dia 10 de julho. Um dia antes, Evandro foi preso e acusou o advogado de ter matado Mércia por ciúmes. A revogação da prisão temporária de Mizael aconteceu no dia 14, juntamente quando foi negado o pedido de prisão preventiva que o MP fez contra o ex-namorado de Mércia. Durante o período de cinco dias, o advogado foi considerado foragido.
Justiça ordena que reconstituição do crime seja feita em 30 dias
A Justiça de Guarulhos também determinou que a polícia realize a reconstituição do crime em até 30 dias . O pedido da reconstituição foi feito pelo MP, que quer saber mais do pescador que teria visto o carro da vítima afundando numa represa de Nazaré Paulista, na Grande São Paulo, onde o corpo dela foi encontrado.
O juiz de Guarulhos Leandro Jorge Cano concedeu diversos pedidos feitos pelo MP na denúncia e ordenou que a polícia aprofunde as investigações sobre a possível participação do irmão de Mizael, Altair Bispo, no crime. O MP não denunciou Altair pois entendeu que ainda não há provas se ele teve envolvimento prévio com Evandro, para quem ligou 27 contatos telefônicos depois do crime.
Cano determinou que sejam juntados os laudos dos exames periciais no carro de Mércia e em objetos apreendidos na casa de Mizael e ordenou que a operadora Nextel informe se a caixa postal de um celular de Mércia foi acessada após o dia em que ela morreu pelo chip dela. O juiz ordenou, ainda, que seja anexada a transcrição das gravações telefônicas que permitiram à polícia chegar a Evandro, que provam que ele estava escondido; e que o Banco Central informe se Mizael usou cartões de crédito no mês em que Mércia morreu, para saber se ele fez gastos na região da represa de Nazaré Paulista.