Sidrolandia
Clima de apreensão entre índios e fazendeiros as vésperas do anúncio sobre conflito
Os índios pretendem ocupar as quatro propriedades (São Sebastião, Vassoura, Estrela e Furna da Estrela) que não retomaram e fazem parte dos 15 mil hectares.
Com informações do Campo Grande News
03 de Agosto de 2013 - 11:35
As vésperas da data limite fixada pelo Governo Federal para anunciar uma solução para o conflito entre índios e fazendeiros no entorno da Reserva Indígena Buriti, produtores rurais e indígenas da estão apreensivos com a falta de uma solução efetiva do governo federal para desapropriação das terras que vão elevar a Reserva Buriti de 2.090 hectares para 17,2 mil hectares.
Indígenas preveem novas e iminentes invasões de fazendas, caso não o governo federal não apresente uma proposta financeira de compra das terras, anunciada pela presidente Dilma Roussef. Os índios pretendem ocupar as quatro propriedades (São Sebastião, Vassoura, Estrela e Furna da Estrela) que não retomaram e fazem parte dos 15 mil hectares.
Os proprietários rurais avisam que vão resistir e que mais mortes podem acontecer. Dono da Fazenda Cambará, invadida há dois meses pelos indígenas, Vanth Vanni Filho admite que sem uma solução, nesta segunda-feira (5), há o risco de conflitos violentos. Pode haver conflito sim e morte dos dois lados. Tem gente que nem está se importando mais se vai matar o u morrer. Ninguém aguenta mais. Ou tem atitude governamental ou vamos partir para o tempo antigo, afirmou o ruralista.
O cacique da Aldeia Buriti, Antonio Aparecido, confirma o clima de expectativa e de possibilidade de reação imediata caso não haja uma solução. Vamos ver na segunda-feira de manhã, na reunião com a comissão. O governo prometeu comprar a terra. Se o governo não quiser confusão, vai ter de dar resposta na segunda, disse. Tudo depende disso para a retomada de quatro áreas que falta para chegarmos aos 17 mil hectares, acrescentou.
Vanth Vanni reclamou do atraso na avaliação das 30 propriedades que estão em vias de passarem a integrar a Reserva Biriti. Tivemos várias reuniões, mas ainda não começaram os trabalhos. O que a gente espera é ter na segunda-feira uma posição positiva. Estamos impedidos de trabalhar, no sufoco, reclamou o fazendeiro. O governo tomou a frente e disse que ia resolver. Mandar aqui três ministros, reunir com a sociedade e governantes locais e não dar nenhuma resposta á população, aí é falta de autoridade, acusou ele, enfatizando que, havendo lacuna de ação estatal, as partes envolvidas podem acabar buscando solução direta, com possibilidade de invasão e retaliação.
Ricardo Bacha, dono da Fazenda Buriti, declarou que todos estão muito apreensivos, tanto índios quanto proprietários rurais. Construiu-se nesse processo, com participação de vários atores, de que toda área do Buriti fosse comprada pelo governo federal, com a participação do Ministério da Justiça, do secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, que esteve aqui, da igreja, com o Dom Dimas avalizando esse acordo de compra das terras, com a AGU (Advocacia Geral da União), lembrou Bacha.
A presidente Dilma mandou comprar e foi isso que Gilberto Carvalho falou. Eu acredito que vão nos trazer uma proposta na semana que vem. Não posso imaginar que o governo da República seja irresponsável nesse nível de não cumprir o acordo, ponderou.
Para Bacha, o maior empecilho à solução é o Ministério da Justiça, que teria impedido que a equipe de avaliação fosse às áreas para dar os preços. O Ministério da Justiça segurou. Sua intenção é de enrolar, tem a determinação de levar o problema com a barriga, atacou o fazendeiro. Mas tenho esperança que a presidente da República mande mais do que seu ministro da Justiça, alfinetou.
Quanto ao risco de conflito, Ricardo Bacha lamenta que a trégua possa estar no fim. Expectativa era de que a guerra lá já tivesse acabado, apesar de os índios continuarem matando gado, como tem ocorrido na fazenda da Dona Dalva, perseguindo e matando gado à bala e Força Nacional presente e omissa, afirmou o ex-deputado estadual e ex-secretário de Fazenda.
Apesar disso tudo, Bacha entende que há um cenário maior a ser considerado, que é justamente a desapropriação com pagamento de preço justo, em dinheiro e à vista pelas terras. Fomos expulsos de nossa terra. Perdemos direito de trabalhar, observou o fazendeiro.
Indagado se já tem uma estimativa de quanto é o valor mínio pela área de conflito, que inclui 30 fazendas somando 15,2 mil hectares, das quais pelo menos 25 estão invadidas, Bacha respondeu: Não temos esse valor. Tem comissão nomeada para fazer isso. Tenho informação de que não desceu a campo porque o ministro Justiça segurou.
A crise na região é antiga, havendo fazendo que está invadida pelos indígenas há 13 anos. É o caso de uma fazenda de um pessoal que plantava tomada, de italianos, do Edson, informou Vanni. (Com informações Campo Grande News)