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Sidrolandia

CPI pode quebrar sigilo de empresas fantasmas fornecedoras da Delta

IG Notícias

22 de Agosto de 2012 - 15:10

Os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira pediram na sessão desta quarta-feira (22) que seja convocada uma sessão administrativa para votar novos requerimentos de quebra de sigilo de empresas suspeitas de integrarem o esquema de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira .

O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), afirmou que o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), vai analisar "de forma extraordinária, cirúrgica" os pedidos. "O relator está estudando requerimentos de alguns parlamentares acerca de empresas que foram encontradas, além daquelas que já encontramos e quebramos o sigilo, e que estão sendo dadas como de fachada também", disse Vital do Rêgo, acrescentando que a reunião pode ocorrer na próxima terça (28), antes da sessão de depoimentos.

O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) defendeu que a quebra dos sigilos seria essencial para desarticular definitivamente a atuação do grupo de Carlinhos Cachoeira. "Nós temos mais de R$ 400 milhões, com 18 empresas fantasmas, fornecedoras da [construtora] Delta, que é a grande holding da organização criminosa. Esse braço financeiro precisa ser desmontado, caso contrário, o senhor Cachoeira comanda a organização de dentro da cadeia", declarou.

Odair Cunha afirmou que ainda não há um valor exato do montante que a Delta - principal braço empresarial do esquema - teria repassado a empresas fantasmas ou de fachada. "Isso depende muito do nível de cruzamento que as pessoas fazem. Mas o que eu posso dizer é nós identificamos que ela teve alguma movimentação atípica com mais de 200 empresas. Isso deve ser analisado por nós com detalhe", afirmou.

Braço financeiro

Em depoimento dado à CPI nesta terça (21), o procurado da República Daniel Rezende Salgado disse que as investigações do Ministério Público Federal nas Operações Monte Carlo e Vegas ficaram restritas à exploração de jogos pela organização de Cachoeira. "A antecipação da Operação Monte Carlo, em razão do vazamento de informações, fez com que deixássemos de investigar outras áreas. Tinha uma parte empresarial do grupo criminoso e não conseguimos investigar. Temos um material bruto que precisa ser submetido a análise", afirmou.

Salgado também falou das dificuldades de investigação por causa da presença de policiais militares, civis e federais na organização criminosa. "Como era difícil o trabalho de campo, tivemos de usar as interceptações telefônicas", disse. Também disse que, por causa dos vazamentos de interceptações telefônicas, muitas ações tiveram de ser antecipadas e muitas investigações deixaram de ser feitas. Como exemplo, ele citou as apurações sobre o “braço financeiro” da organização comandada por Cachoeira, que envolveriam atividades como a lavagem de dinheiro.