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Sidrolandia

CTG Campos de Vacaria completa 30 anos e mantém viva a cultura tradicionalista

Com uma semana de antecedência, este será o evento comemorativo dos 30 anos da entidade, fundada em 20 de fevereiro de 1987.

Flávio Paes/Região News

11 de Fevereiro de 2017 - 11:00

O almoço dançante desde domingo no CTG Campos da Vacaria terá um tempero adicional que vai além do cardápio e das atrações artísticas, culturais programadas. Com uma semana de antecedência, este será o evento comemorativo dos 30 anos da entidade, fundada em 20 de fevereiro de 1987.

Nestas três décadas tem resistido, passou por momentos de esvaziamento, mas sempre manteve vivo o tradicionalismo. Hoje tem aproximadamente 200 sócios ativos, muitos deles, sul-mato-grossenses ou brasileiros de outras naturalidades, mas apaixonados pela música tradicionalista.

Faz jus ao papel dos CTGS País afora e até no exterior, de ser uma autêntica embaixada do Rio Grande do Sul por onde famílias gaúchas migram em busca de novas oportunidades. Aqui chegaram, junto com  catarinenses e paranaenses entre as décadas de 70 e 80  transformando o município num dos três maiores polos agrícolas do Estado. 

http://regiaonews.com.br/uploads/20170211092420Construcao_do_CTG.jpegTem uma sede própria imponente, provavelmente uma das mais bonitas do País, construída com eucalipto tratado e aroeira (foto da construção do CTG). Sua arquitetura é arrojada, sem perder a essência dos nativistas mais radicais, a de que um CTG em essência é um galpão.

Linha do tempo

A história do Centro de Tradições Gaúchas tem algumas peculiaridades. Pra começar seu fundador e primeiro patrão, Flaviano Santos, nem gaúcho é. Xiru Santão, como a cidade o conhece, nasceu em  Campos Novos, uma cidade de 40 mil habitantes do oeste catarinense. “Meus pais eram gaúchos”, faz questão de lembrar. Ele mora há 37 anos em Sidrolândia, para onde veio com a família com objetivo de trabalhar na construção de armazéns, com um antigo patrão, Noé Peixoto (um dos fundadores da Apae).  

http://regiaonews.com.br/uploads/20170211092249Sidao.jpeg"Santão" foi motorista da Prefeitura, radialista (atividade que mantém até hoje) e nas horas vagas,  Papai Noel e Rei Momo, mostrando que seu gosto musical vai além das músicas gauchescas.

Xiru teve a idéia de fundar um CTG na cidade a partir de conversas nas reuniões que participava com alguns amigos sulistas.

Na falta de espaço adequado, com o aval do então prefeito João Lemes, promoveu a 1ª Semana Farroupilha na Praça Central.

http://regiaonews.com.br/uploads/20170211092230CTG_-_Primeira_Semana_Farroupilha.jpegO núcleo fundador teve a participação de 10 pessoas, que aclamaram Flaviano patrão. Ofir Martinelli foi o primeiro a ser formalmente  eleito para a função. Na gestão de Valdir Turis, 1989/1990, foi construída  sede própria, numa área de aproximadamente 2 hectares doada por Celso Comparin. O projeto é uma criação do arquiteto Luiz Antonio Juriati, gaúcho (de Passo Fundo) que não era exatamente fã das músicas típicas do seu estado natal.

Juriati, até então, não tinha vestido uma bombacha na vida e nem sabia dançar a xula. Preferia as danças de salão e como qualquer jovem dos anos 80,  gostava dos embalos de sábado a noite e dos hits de disc music. Como honorário, Juriati recebeu do então presidente Valdir Turis, um título de sócio do CTG.

Por conta desta honraria, acabou premiado entre 2002 e 2004, aclamado como patrão da entidade. “Praticamente só me deram as chaves. Foi um período que os sócios se afastaram e praticamente fiquei  sozinho para tocar a entidade. Tínhamos dificuldade até para pagar a conta de água e luz. As promoções não atraiam ninguém. Promovi um baile, com uma banda de Aquidauana, conseguiram vender 20 convites. Como no mesmo dia se realizava um showmício na cidade, não foi ninguém. Devolvi os ingressos e cancelei o baile”, conta.

Para culminar as dificuldades, o Corpo de Bombeiros, interditou o galpão, exigindo a instalação de um hidrante para ser usado em caso de incêndio. “Só conseguimos resolver o problema com o apoio da Prefeitura, porque na época, o secretário de Obras, era Bernardino Stefanelli, por coincidência o capataz da diretoria, que fez às vezes do vice-presidente”, lembra. Juriati renunciou ao cargos, após tantos atropelos, sendo substituído por Bernardino que tinha até “esquecido” que era o seu vice.

O CTG hoje tem como patrão, Vanderlei Marcos Piana, que contratou o casal  Alex Vargas e Pamela Garcia, que vão ministrar cursos de danças tradicionais. Em seu currículo o Professor tem várias conquistas, trabalhando no CTG de São Gabriel do Oeste.