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Sidrolandia

Ela salvou nossas vidas’, diz mãe de menina que mandou SMS em assalto

Adolescente usou celular enquanto família era feita refém em Osasco. Polícia conseguiu cercar casa e prender três assaltantes.

G1

26 de Julho de 2010 - 16:14

A mãe da adolescente de 14 anos que mandou um SMS para uma prima avisando que sua casa estava sendo assaltada em Osasco, na Grande São Paulo, tem um sentimento de medo e de agradecimento em relação à atitude da filha. Por causa da mensagem enviada por celular, a polícia foi acionada e conseguiu prender os três criminosos – entre eles um adolescente. O risco corrido, entretanto, ainda deixa a dona de casa de 37 anos assustada.

“Ela salvou nossas vidas, mas colocou a vida dela em risco. Ela não teve medo em nenhum momento, foi muito corajosa. Se ela não tivesse feito isso, coisas piores poderiam ter acontecido”, disse a mulher na manhã desta segunda-feira (26). Apesar de os assaltantes terem sido presos, ela não quer se identificar.

A casa da família, com muros altos e equipamentos de segurança, foi invadida depois que os assaltantes abordaram um sobrinho que passa férias no local. O jovem havia saído de carro por volta das 22h30 de sábado (24) e foi rendido ao parar na casa de um primo. “Acho que já estavam seguindo ele, porque mandaram ele voltar. Mas ele não conhece aqui direito, não achou o caminho, e foi muito maltratado.” Segundo a mulher, o jovem levou muitas coronhadas na cabeça, e os assaltantes pretendiam levá-lo como refém após deixar a casa.

A dona de casa já dormia quando os assaltantes entraram no imóvel. Ao perceber que o portão havia sido aberto, seu marido desceu as escadas e já foi rendido pelos criminosos, que subiam com o jovem. Os dois homens e os três filhos do casal – a adolescente, um menino de 11 anos e uma menina de 8 – foram levados para o quarto do menino. A jovem conseguiu esconder o celular e seguir com ele no bolso.

Os criminosos foram então até o quarto da mulher, que foi acordada com uma arma na cabeça e levada para o cômodo onde todos foram mantidos reféns. “Eu entrei em pânico, ainda estou muito assustada. Nunca pensei que ia passar por isso”, contou.

Segundo ela, os criminosos perguntavam a todo momento sobre um cofre. O marido da dona de casa explicou que não havia nada do tipo na casa e indicou aos homens onde estava o único dinheiro que guardava. Os assaltantes decidiram então levar quase tudo o que havia na casa. “Pegaram notebooks, computadores, TVs, videogame, limparam o armário de tênis das minhas duas filhas e o meu armário, de joias, roupas sapatos”, afirmou.

Enquanto dois dos assaltantes recolhiam os pertences, o adolescente vigiava a família no quarto. Entretanto, segundo a mulher, ele se distraiu com o videogame de seu filho – foi o momento em que a adolescente de 14 anos conseguiu mandar uma mensagem para o celular de sua prima avisando que a casa era assaltada.

A menina ainda respondeu a mensagem, deixando a mãe em pânico. “Eu fiquei doida quando vi o celular na mão dela, porque ela não disfarçou. Foi coisa de Deus que não deixou ele [o assaltante] não a ver com o celular”, disse a dona de casa. A prima acionou a polícia, que ligou no telefone fixo da casa. “Eles [os criminosos] ficaram assustados quando o telefone tocou. Atenderam o telefone, e os policiais pediram para falar com minha filha.”

A menina atendeu o telefone, e com uma arma apontada na cabeça, foi forçada a dizer que estava tudo bem. Os policiais pediram então para falar com a mulher – que também ficou sob a mira dos assaltantes, e muito nervosa disse que estava tudo certo. “Os policiais perceberam que tinha algo errado e me disseram que a casa já estava cercada”, contou a dona de casa.

Um dos assaltantes ainda chegou a aparecer na sacada para dizer que estava tudo bem – mas os policiais não foram embora. A dona de casa pediu então para sair com seus filhos e dizer que nada acontecia. “Eles deixaram, e foi então que eu saí e não voltei mais.”

Os policiais então invadiram a casa – o marido e o sobrinho da mulher ainda estavam no local – e prenderam os três assaltantes.

Quase dois dias após o crime, a dona de casa ainda não sabe como vai fazer para superar o trauma. “Todo lugar é perigoso hoje. Eu já tinha visto eles rondando por aqui, eles não me são estranhos. Sei que eles estão presos, mas não sei quanto tempo vão ficar. Estou apavorada, não consigo tirar o carro da garagem, ir à padaria.”