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Sidrolandia

Em MS, vendas on-line retiram até 25% do mercado do comércio físico

Flávio Paes/Região News

18 de Abril de 2011 - 08:53

Em MS, vendas on-line retiram até 25% do mercado do comércio físico
Em MS, vendas on-line retiram at - Foto: Divulga

Em Mato Grosso do Sul muitos lojistas têm amargado prejuízos reais, para o comércio virtual. Os setores de refrigeração e informática calculam que tenham perdido 25% das vendas para as vendas on-line e os produtos comprados no Paraguai.

O segmento de ar-condicionado é hoje uma das maiores vítimas das vendas pela internet. “Não temos como concorrer. Um aparelho de 7 mil btu que na loja sai por R$ 1.050. Adquirido pela internet, sai por R$ 799,00, em 10 parcelas de R$ 79,90”,  revela um dos diretores da Refrigeração Centro-Oeste, Hidelbrando Leite.

Ele reclama também da concorrência dos produtos adquiridos do Paraguai, aonde a diferença de preços chega a 50%. “Posso oferecer em no máximo quatro vezes no crediário próprio. Não tenho capital de giro para aguentar um parcelamento maior”, explica.

O setor é enquadrado no regime de substituição tributária, com pagamento do ICMS na hora compra junto ao fornecedor. A Linear Refrigeração, outra empresa tradicional no setor, também perder mercado com a internet. “Hoje mesmo recolhi R$ 12 mil referente a venda que realizamos para a empresa”, Cristina Barros, uma das proprietárias.

Ela acredita que tributação interna das vendas on-line acabará com a discrepância existente hoje. “Nós geramos empregos, pagamos impostos aqui, apostamos no desenvolvimento do estado e acabamos penalizados”, avalia. Cássia Regina Seidenfuss, gerente de uma livraria em Campo Grande, sabe bem o que é isso.

Há 20 anos trabalha no mercado de livros e publicações, nos últimos anos contabilizou queda de 20% nas vendas. Hoje não dá pra concorrer com a internet, os preços são competitivos e em compras acima de determinado valor o site ainda paga o frete, comenta.

Para manter as portas da livraria aberta, Cássia releva que teve que mudar as estratégias. As lojas ainda oferece uma vantagem, ter o produto pronta-entrega. Se o cliente precisar do livro na hora, ele ainda recorre às livrarias. Cabe a nós sempre mantermos um bom estoque com os títulos mais vendidos. Se o cliente não achar aqui o que ele quer, ele vai buscar na internet.

Na comparação entre produtos pesquisados no comércio de Campo Grande e os mesmos vendidos em lojas virtuais, os resultados são surpreendentes. Produtos não tão comuns que são comercializados pela internet, como é o caso de refrigeradores, apresentam diferenças enormes.

Na comparação de um refrigerador cervejeira, 433 litros, da Metalfrio a diferença chegou a R$ 1.040,00. Em Campo Grande é vendida por R$ 4.250,00. O cliente pode parcelar em no máximo cinco vezes pela loja, se quiser aumentar o número de parcelar terá que procurar a intermediação de financeiras.

Porém na loja virtual do shoptime (www.shoptime.com.br), a mesma cervejeira é vendida a R$ 3.210,00 com o frete incluso. Até as bicicletas relevam grandes diferenças de preços. Na loja Bike Tech, uma bicicleta Caloi Sk Fullsuspension, com 21 velocidades e amortecedores traseiro e dianteiro é vendida a R$ 770,00.

No site e-fácil (www.e-facil.com.br) a bicicleta pode ser comprada por R$ 579,00, parcelada em dez pagamentos, sem juros e com frete grátis. Diferença de R$ 191. No topo - Na listagem divulgada pelo e-commerce, livros, CD´s e DVD´s ainda são os campeões de vendas, representam 39% de tudo o que é vendido pela internet.

Esta diferença de preço se explica pela carga tributária menor. As empresas on-line além de não pagarem a alíquota interna do ICMS, estão livres encargos trabalhistas no Estado, já que não tem funcionários aqui, despesas com aluguel, custos de manutenção (gastos com as tarifas de água, energia), IPTU, sem contar que nas vendas via web é possível negociar preços menores dos fornecedores diante da escala maior de venda, afinal, o mercado consumidor é o país inteiro ou até lá fora das fronteiras.

Ano passado, mercado web apresentou crescimento recorde. Não há dúvidas de que em 2010 o comércio eletrônico bateu todas as expectativas previstas desde o início do ano. E novamente, traçam-se novas perspectivas para as negociações virtuais. A Camara-e.net estima para 2011 o crescimento de 35% em relação ao ano anterior

É certo que além do crescimento estimado, o e-commerce pode alcançar maiores índices de faturamento caso fatores externos como o aumento do acesso à banda larga e a oferta de crédito entrem em cena. Outra questão que pode ampliar as vendas online é a chegada não só da classe C ao e-commerce, mas também das classes D e E.

O faturamento anual no comércio eletrônico tem obtido aumentos memoráveis. Passou de R$ 0,54 bilhão em 2001, para R$15 bilhões em 2010. Podendo ultrapassar os R$ 20 bilhões, agora, em 2011. Na América Latina, o Brasil continua dominando e crescendo com as negociações online.

O ano está apenas começando para o e-commerce brasileiro. Em Mato Grosso do Sul, onde só cinco cidades tem mais de 50 mil habitantes – Campo Grande, Dourados, Corumbá, Três Lagoas, Ponta Por㠖 as redes nacionais (sejam de departamento, eletrônicos) - preferem montar lojas virtuais,  pequenos pontos comerciais que precisam de no  máximo dois funcionários.

Economia com salários, encargos trabalhistas, custo de manutenção, aluguel. As cidades ganham muito pouco com este tipo de empreendimento.