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Sidrolandia

EUA confirmam a saída de sua última tropa do Iraque

Para general iraquiano, país não está pronto para assumir o controle

Veja/Abril

19 de Agosto de 2010 - 09:07

Treze dias antes do prazo anunciado pelo presidente Barack Obama, os Estados Unidos confirmam a saída da última tropa do país de terras iraquianas. Os últimos 4.000 militares da 4ª Brigada Stryker, da 2ª Divisão de Infantaria, seguiram rumo ao Kuwait na madrugada desta quinta-feira, segundo o capitão Christopher Ophardt. "A brigada cruzou a fronteira por volta das 6h (hora local, meia-noite no horário de Brasília)", declarou o tenente-coronel Eric Bloom, sete anos e meio depois da invasão liderada por Washington.

Nem o apelo do general Babaker Zebari, do alto escalão do exército iraquiano, serviu para reverter a decisão do governo americano de deixar o país. Na semana passada, ele havia afirmado que a retirada das tropas é "prematura". "Os problemas irão começar em 2011”, afirmou ele na ocasião, salientando que o Iraque não tem condições de assumir o controle das operações de segurança antes 2020 - até quando os Estados Unidos deveriam manter a presença militar, na opinião dele.

A maior parte dos militares começou a deixar o país há pelo menos dois dias, mas a ação foi mantida em sigilo por motivos de segurança. Centenas permanecem alocados em território iraquiano para concluir questões administrativas e de logística, mas devem deixar Bagdá ainda na tarde desta quinta-feira. Outros 50.000 devem se despedir das funções apenas em 2011 - até lá, cumprem funções de "estabilização", reforçando as tropas iraquianas e defendendo os interesses dos Estados Unidos. De acordo com o general Stephen Lanza, porta-voz militar, no fim deste mês a missão mudará seu nome de Operação Liberdade Iraquiana para Operação Novo Amanhecer.

Alívio - Diante do saldo de 4.419 soldados americanos mortos no Iraque, conforme o Pentágono, os que conseguiram dar adeus com vida à guerra no Iraque não escondiam a satisfação e o alívio. Enquanto se preparavam para partir, eles sorriam e recordavam os momentos mais difíceis do conflito, como carregar corpos sem vida de colegas para fora do campo de batalha.

"Antes de vir para cá, você acha que é homem, que é adulto. Mas este lugar muda você", disse o sargento Terry Wetzel. "Nós colocamos nosso sangue, suor e lágrimas ao longo desses 12 meses que estivemos aqui. E nós sabemos que fizemos nosso trabalho e que isso não está sendo em vão, mas há muita emoção nesse momento", desabafou o especialista Don Lanpher, pouco antes de partir.

Washington informou que o retorno desses soldados para casa deve levar semanas, e deve estar concluído somente em meados de setembro.

Iraque - Enquanto os Estados Unidos comemoram, o Iraque se preocupa. Isso porque, além da confirmação do general Zebari de que seu exército não está pronto para responder sozinho por todas as ações militares, o país ainda não está totalmente reformulado. O governo atual, por exemplo, é de transição, não tem funcionalidade real e isso pode favorecer ainda mais o clima de instabilidade, apontam especialistas. Outro fator preocupante é o crescimento da violência, principalmente pela atuação ainda muito forte da rede terrorista Al Qaeda - fato comprovado pelo atentado suicida de dois dias atrás, que deixou mais de 50 mortos e cem feridos em Bagdá.

Neste sentido, o embaixador americano Ryan Crocker fez questão de destacar à rede de notícias americana CNN que os Estados Unidos não irão abandonar o Iraque totalmente e que ainda há muito trabalho a ser feito. "Este processo está apenas começando", disse.