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Sidrolandia

Falta de caminhoneiros já é sentida nos preços dos fretes

Todos os caminhões da transportadora são equipados com cartão ponto, para controle e cumprimento da carga horária do trabalhador, dentro das novas regras.

Canal Rural

27 de Março de 2014 - 13:40

Além das estradas em condições ruins e das dificuldades para descarregar nos portos, outro problema vem atrapalhando a vida dos produtores rurais: a falta de motoristas. Com a nova lei dos motoristas, empresas estão com dificuldade para encontrar profissionais capacitados. Na região Sul, o frete já subiu 10%.

O setor de recursos humanos da transportadora Scapini Ltda., que atua no Sul e no Sudeste brasileiro e tem unidades na Argentina, recebe, em média, 70 candidatos por mês em busca de vagas como caminhoneiro, mas apenas 10% deles são aprovados. A reprovação se dá principalmente pela falta de qualificação.

Em nossa empresa, de cada 10 candidatos nós conseguimos contratar apenas dois. E não é que nós não queiramos. É que, em função da qualificação técnica necessária, os candidatos não preenchem os requisitos – diz o presidente da empresa, Valmor Scapini.

O presidente da transportadora acredita que o setor dos transportes passa por uma revolução. Para ele, as novas regulamentações da área, como as leis que regem o transporte rodoviário e a atividade dos caminhoneiros, exigem a adaptação de todas as pontas da cadeia.

É uma mudança muito forte em cima de conceitos do passado. Essa revolução precisa ser entendia pelo transportador primeiramente e pelos colaboradores, mas também pelo nosso cliente, o embarcador e recebedor das mercadorias. Não adianta o transportador obedecer a lei do motorista se na ponta isso não acontece – aponta Scapini.

Todos os caminhões da transportadora são equipados com cartão ponto, para controle e cumprimento da carga horária do trabalhador, dentro das novas regras.

A empresa tem um programa próprio de aperfeiçoamento para motoristas, que prevê 40 horas semanais de orientações tecnológicas, avaliação psicológica e testes práticos. Além de 60 dias de testes acompanhado de um instrutor. O curso é para profissionais trainees, ou seja, aqueles que por lei, já estão aptos a rodar nas estradas.

A falta de motoristas está impactando os preços do frete no Rio Grande do Sul. De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), o aumento já chega a 14%, desde 1º de março.

Esse aumento é influenciado não só pela mão de obra, mas este é um fator importante, sem dúvida, porque a demanda é muito grande e a oferta muito pequena. Diversas empresas estão com caminhões parados por falta de motorista – diz Sérgio Neto, presidente do Setcergs.

De acordo com o sindicato, faltam 10 mil profissionais no Rio Grande do Sul. Em Mato Grosso, que também enfrenta o problema, Sindmat (Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas) estima que há pelo menos oito mil vagas à disposição no mercado. Em todo Brasil, estima-se que cem mil motoristas seriam empregados se estivessem no mercado, é um problema nacional – diz Sérgio Neto.

De acordo com Neto, o avanço tecnológico nos caminhões requer um profissional mais qualificado que saiba, por exemplo, programar e monitorar o computador de bordo dos caminhões.

Para dar conta do escoamento da produção, Neto afirma que a solução tem sido o aumento de prazos. Desde o ano passado, o sindicato gaúcho estuda alternativas para solucionar a carência na área.

Estimulamos os recrutas que saem do Exército sem profissão definida que venham para o setor. A faixa salarial não é ruim, está em torno de R$ 3 mil a R$ 4 mil. Mas esse processo é muito lento. A exigência do mercado requer muito mais velocidade. A solução seria formar – conclui Sérgio Neto.

O Sest/Senat (Serviço Social do Transporte e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte), possui um programa de treinamento especializado para transporte de cargas e produtos perigosos.

A carga horária total pode variar entre 148 a 208 horas de conteúdo. Informações sobre como se inscrever nos cursos devem ser solicitadas nas unidades regionais do serviço.