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Sidrolandia

Falta de Inspeção Municipal ameaça restaurante Estação Bolicho em funcionamento há 43 anos

O restaurante integra o programa do Sebrae Parada Legal no trajeto dos turistas que vão em busca das belezas naturais de Bonito.

Flávio Paes/Região News

03 de Novembro de 2014 - 08:21

A inércia do poder público que não colocou em funcionamento o Serviço Inspeção Municipal (SIM) de Sidrolândia, criado há quase dois anos pela lei 1581 em vigor desde dezembro de 2012, coloca em risco o funcionamento do Estação Bolicho, o endereço gastronômico mais tradicional de Sidrolândia, em funcionamento desde 1971, portanto há 43 anos, no atual endereço, km 388 da BR-060, a aproximadamente 20 quilômetros do centro da cidade.

O restaurante integra o programa do Sebrae Parada Legal no trajeto dos turistas que vão em busca das belezas naturais de Bonito ou atraídos pelas compras em Pedro Juan Caballero, fronteira seca com Ponta Porã. Há três semanas uma força-tarefa comandada pela Delegacia de Consumidor (DECON), antes de chegar à área urbana em Sidrolândia onde fiscalizou alguns supermercados e apreendeu mercadorias, esteve no estabelecimento que é parada (quase) obrigatória para quem passa pela rodovia.

Os fiscais apreenderam aproximadamente 600 quilos de uma extensa lista de produtos que incluiu queijo, doce leite, manteiga, frango e porco caipira, todos produzidos na propriedade de Almir Vieira Pereira, dono do restaurante. Na ponta do lápis um prejuízo de R$ 10 mil, e o pior, desde esta blitz, diante do temor de novas investidas da fiscalização que pudessem resultar inclusive em multas e processos, o comerciante não vende mais estes produtos, que representam metade do faturamento da casa.    

O filho de Almir, que é advogado, estuda um recurso judicial para tentar garantir o direito da Estação Bolicho de vender estes itens que fazem parte da sua tradição. ”Esperamos que o município organize o seu Serviço de Inspeção o mais rápido. Até que isto aconteça, o restaurante não pode ser prejudicado”, avalia Almir Vieira Pereira Junior.

Além de vetar a comercialização do frango e do porco caipira, a legislação proíbe que faça parte do cardápio nas refeições vendidas na hora do almoço. O máximo que senhor Almir pode fazer é usá-los nas refeições na casa dele. “Além de tomar um lanche, almoçar, a maioria para no restaurante para comprar queijo, doce, manteiga caipira”, afirma.

Em 2011 o comerciante foi personagem de uma reportagem no Correio do Estado, que destacou o trabalho que desenvolve para manter a salva da depredação o prédio da antiga estação Bolicho, que por 52 anos, enquanto circulava os trens pelo ramal ferroviário Campo Grande/Ponta Porã, foi ponto de parada de passageiros e ponto de embarque e desembarque do gado.  

O trem passava na Estação Bolicho às 10h e chegava a Ponta Porã por volta das 20h; no retorno, às 15h30, e uma hora depois chegava em Campo Grande. "Os fazendeiros e os peões amarravam os cavalos aí nos tocos e nas árvores e vinham despachar o milho, o arroz e o feijão que eram pesados numa grande balança. Antes do embarque o gado ficava no mangueiro da antiga Fazenda da Serra", relatou a reportagem.  

"Todo dia embarcavam umas 30 a 40 cabeças; passavam 20 vagões, alguns deles para o transporte do gado que chegava magro, mas depois de uns dias na invernada saía gordinho daqui para o frigorífico", contou.