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Sidrolandia

Fazendeiro consegue liminar e índios podem ser despejados de área ocupada

De acordo com Ricardo, os índios estão bem organizados, tanto que as crianças das aldeias continuam tendo aula no acampamento

Marcos Tomé/Região News

16 de Maio de 2011 - 19:02

O fazendeiro Roberto Bacha, dono da Fazenda 3 R, ocupada desde terça-feira por índios terena da aldeia Buriti, conforme informações extraoficiais, conseguiu no início da tarde desta segunda-feira, liminar do Tribunal de Justiça, que lhe garante a reintegração de posse e a saída imediata dos quase 2 mil índios que estão acampado numa faixa de terra da propriedade de 1.200 hectares, uma das 25 fazendas (que totalizam 17.200 hectares) que eles reivindicam como terra indígena.

O advogado de Bacha, Newley Amarilha, acompanhado de agentes e de um delegado da Polícia Federal, teria ido à propriedade para tentar convencer os índios a cumprir a decisão judicial pacificamente. Se não obtiver êxito, será requisitada uma força policial de pelo menos 100 homens do CIGOE (a tropa de choque da Polícia Militar) para retirar os índios.

Na 3 Fazenda R estão terena das aldeias Água Azul, Barreirinho, Olho d’Água, Oliveira, Recanto, Córrego do Meio e Lagoinha, situadas entre Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti.

Uma equipe da coordenadoria regional da Funai (Fundação Nacional do Índio) esteve no local hoje e recebeu garantia dos índios de que eles não vão ocupar nenhuma outra área.Segundo o chefe de monitoramento ambiental e territorial da Funai em Campo Grande, Ricardo Araújo, os acampados aguardam a decisão da Justiça pacificamente e pela reunião pré-agendada entre os dias 30 de maio e 3 de junho na diretoria de assuntos fundiários, na Funai, em Brasília.

A Funai ainda afirma que um grupo de trabalho deve vir de Brasília para fazer o pagamento das benfeitorias nas terras aos produtores rurais. O órgão precisa concluir os procedimentos administrativos para pagar as indenizações com valores atualizados.

De acordo com Ricardo, os índios estão bem organizados, tanto que as crianças das aldeias continuam tendo aula no acampamento. “Eles tomaram esse tipo de iniciativa desesperada porque é uma questão de sobrevivência. Os próprios fatos comprovam isso”, comenta Ricardo.

Os indígenas da região chegam a 6 mil pessoas para uma área de 2 mil hectares. “A luta é pelo que é de direito deles, a comunidade vem sofrendo sem espaço para criar, plantar, por isso tomaram essa iniciativa. Para eles terem chegado a esse ponto é porque a situação está difícil”, completa.