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Sidrolandia

MS é 4º no ranking de trabalho escravo; Dourados tem 2 casos

Conforme o MPT, o Brasil ainda tem cerca de 20 mil trabalhadores que atuam em condição à escravidão

Marli Lange

31 de Maio de 2011 - 09:22

Mato Grosso do Sul está em quarto lugar no ranking nacional do Ministério Público do Trabalho (MPT) que aponta trabalhadores que atuam em situação análoga à escravidão. Dourados também está na chamada “lista suja do trabalho”. Duas fazendas são apontadas pelo MPT em manter o regime de trabalho escravo no município.

A lista suja do trabalho, atualizada em 17 de março deste ano, ainda apontada fazendas e empresas agrícolas localizadas em Camapuã, Brasilândia, Chapadão do Sul, São Gabriel do Oeste, Porto Murtinho, Bonito, Cassilândia, Campo Grande, Corguinho e Selviria. Conforme o MPT, no total a lista aponta 210 pontos em 17 estados. O Pará lidera o ranking com 60 locais onde foram detectados trabalho escravo. Em seguida vem o Maranhão (22); Tocantins (21); Mato Grosso do Sul (20); Mato Grosso (19) e Goiás (15).

Conforme o MPT, o Brasil ainda tem cerca de 20 mil trabalhadores que atuam em condição à escravidão. Os atuais métodos de combate à prática criminosa ainda não são suficientes para zerar essa conta, segundo MPT, que lançou na última sexta-feira, uma campanha nacional para sensibilizar a sociedade desse problema que persiste mais de um século depois do fim da escravidão no país. A campanha busca atingir empresários, sociedade e trabalhadores por meio de propagandas de TV, rádio e uma cartilha explicativa.

A ideia, segundo o MPT, é mostrar que o trabalho escravo não se configura apenas pela situação em que o trabalhador está preso em alguma propriedade no interior, sem comunicação. “A legislação penal brasileira mudou em 2003 e incluiu condições degradantes de trabalho e jornadas exaustivas como situações de trabalho escravo. O trabalho escravo não é só o que tem cerceio de liberdade, pode ser psicológico, moral”, explica Débora Tito Farias, coordenadora nacional de erradicação do trabalho escravo do MPT. Essa mudança na percepção está levando os órgãos fiscalizadores a encontrar novas situações de trabalho degradante também no meio urbano, como em confecções e na construção civil. A campanha pretende ajudar a sociedade a identificar e denunciar essas práticas.

“A pressão social hoje é um fator muito importante em qualquer tipo de campanha. É importante que a sociedade perceba que a comida, o vestido pode ter um componente de trabalho escravo”, afirma o procurador-geral do Trabalho, Otávio Lopes.

Segundo o procurador, a compra de produtos que respeitem a dignidade humana deve ser vista da mesma forma que já ocorre com produtos orgânicos e com a preservação da natureza. A geografia da incidência do trabalho escravo no Brasil está mudando para escapar da fiscalização de órgãos responsáveis, afirma o procurador-geral do Trabalho, Otávio Lopes.

O número de casos de trabalho escravo está aumentando em locais onde a prática não era tão comum, como os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, e Tocantins, e diminuindo em estados onde o problema era conhecido e reincidente, como o Pará.