Sidrolandia
Parque Várzeas do Rio Ivinhema convive com o abandono
Ao abandonar o acampamento, além da matança de espécies, todo o lixo acumulado é deixado no meio ambiente
Nova News
13 de Junho de 2011 - 07:53
Enquanto o governador André Puccinelli (PMDB) dá início as obras do Aquário do Pantanal, orçado em R$ 84,7 milhões, o Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema sofre com o abandono e a falta de investimento.
Localizado em uma área de 73.345,15 hectares, que compreende os municípios de Naviraí, Jatei e Taquarussu, o parque criado pelo Decreto 9.278, de 17 de dezembro de 1998, é alvo de caçadores que parecem não se preocupar com o aviso exposto numa placa existente no local: observe os animais a distância. A proximidade pode ser interpretada como uma ameça.
Pescadores e caçadores acampam frequentemente no parque estadual, que deveria ser um espaço de preservação da diversidade biológica, utilizado para fins de pesquisa científica, recreação e educação ambiental.
Ao abandonar o acampamento, além da matança de espécies, todo o lixo acumulado é deixado no meio ambiente. Fazendas próximas também contribuem com a degradação. Não é difícil se deparar com grandes erosões e com a criação de gado em Áreas de Preservação Permanente (APP) em propriedades particulares.
Em maio, por exemplo, a Polícia Militar Ambiental (PMA) localizou dois acampamentos e apreendeu aproximadamente 120 quilos de peixe e 27 quilos de carne de jacaré, além de quilômetros de redes de pesca e barcos que eram utilizados pelos pescadores.
Abandono
Um pouco deste abandono pode ser medido pelo número de policiais militares ambientais responsáveis pela patrulha em toda a região. Atualmente, 11 soldados compõem a base de Batayporã.
Caso o patrulhamento fosse feito apenas no Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema, cada policial seria responsável por cuidar de aproximadamente 6.667,74 hectares.
Apesar da falta de investimento, universidades de todo o Brasil ainda se deslocam ao Parque para realizar pesquisas, mas convivem com a incerteza de se depararem com acampamentos de caçadores.
Um destes estudos, feito pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), verificou que no local havia a retirada de madeira de lei (principalmente da peroba), construção de drenos, atividade da agropecuária e o extrativismo por meio de queimadas.
Última área de ecossistema de Várzea
O Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema foi criado como uma ação compensatória ambiental da Companhia Energética de São Paulo (CESP), logo depois da construção da Usina Hidrelétrica Sérgio Motta, e é a última área de ecossistema de Várzea da Bacia do Rio Paraná livre de represamento.