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Sidrolandia

Pesquisa: pai é o agressor de 40% das crianças vítimas de abuso

Os resultados foram obtidos após a análise de 205 casos de abusos a crianças ocorridos entre 2005 e 2009

Agência Brasil

18 de Maio de 2011 - 14:37

Pesquisa realizada no Hospital das Clínicas (HC) da Universidade de São Paulo (USP) revela que o combate e a prevenção de abusos sexuais a crianças precisam ser feitos, principalmente, dentro de casa. Segundo o estudo, quatro de cada 10 crianças vítimas de abuso sexual foram agredidas pelo próprio pai e outras três, pelo padrasto. Segundo Antonio de Pádua Serafim, psicólogo e coordenador da pesquisa, em 88% dos casos de abuso infantil, o agressor faz parte do círculo de convivência da criança.

Os resultados foram obtidos após a análise de 205 casos de abusos a crianças ocorridos entre 2005 e 2009. As vítimas dessas agressões receberam acompanhamento psicológico no HC e tiveram seu perfil analisado pelo Programa de Psiquiatria e Psicologia Forense (Nufor) da instituição. O pai (38% dos casos) é o agressor mais comum, seguido do padrasto (29%). O tio (15%) é o terceiro agressor mais comum, antes de algum primo (6%). Os vizinhos representam 9% dos agressores e os desconhecidos são a minoria, representando 3% dos casos.

"É gritante o fato de o pai ser o maior agressor. Ele é justamente quem deveria proteger", afirmou Serafim, sobre os dados da pesquisa, que ainda serão publicados na Revista de Psiquiatria Clínica da Faculdade de Medicina da USP. "As crianças são vítimas dentro de casa."

O estudo coordenado pelo psicólogo mostra também que 63,4% das vítimas de abuso são meninas. Na maioria dos casos, a criança abusada, independentemente do sexo, tem menos de 10 anos de idade.

Para Serafim, até pela pouca idade das vítimas, o monitoramento das mães é fundamental para prevenção dos abusos. Muitas crianças agredidas não denunciam os agressores. Elas, porém, dão sinais de abusos em seu comportamento, de acordo com Serafim. Por isso, as mães devem estar atentas às mudanças de humor. "Uma mudança brusca é a maior sinalização de abuso", disse.