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Sidrolandia

Professora faz vídeo de alerta sobre riscos de anticoncepcionais após ter trombose venosa cerebral

Ela conta que depois que iniciou o uso do anticoncepcional começou a sentir muitas dores de cabeça, mas a princípio acreditou que seria causada por uma sinusite

G1

25 de Setembro de 2014 - 07:48

A professora universitária Carla Simone Castro, de 41 anos, usou o Facebook para alertar as mulheres sobre os riscos do uso indiscriminado de pílulas anticoncepcionais. Carla diz que sofreu uma trombose venosa cerebral e atribui o problema ao uso da pílula Yasmin, para controlar a cólica causada por miomas uterinos.

“O que provocou a minha trombose é o grande motivo de estar fazendo esse vídeo. O que causou a trombose cerebral foi o uso de anticoncepcionais. Tomava anticoncepcionais há seis meses, para controlar a cólica provocada por miomas uterinos. O que eu não sabia é que eu corria um risco trombótico. Nenhum ginecologista, em toda a minha vida, jamais me falou que anticoncepcionais aumentavam o risco trombótico”, declarou Carla.

Ela conta que depois que iniciou o uso do anticoncepcional começou a sentir muitas dores de cabeça, mas a princípio acreditou que seria causada por uma sinusite. No vídeo, a professora apresenta ainda o laudo médico, que mostra que a trombose causou uma hemorragia cerebral, que pode levar à morte.

A professora relata ainda ter se consultado com uma médica otorrinolaringologista, que lhe receitou remédios anti-inflamatórios para tratar uma possível crise alérgica. No dia seguinte à consulta, Carla afirma que as dores aumentaram e ela começou a apresentar um quadro de diplopia, a chamada “visão duplicada”. Com orientação médica, ela interrompeu o tratamento com os remédios para alergia, mas os sintomas pioraram e Carla acordou sem conseguir enxergar.

Ao procurar um hospital, mais uma vez o problema não foi diagnosticado corretamente. Após realizar exames, os médicos afirmaram que Carla estava com uma crise de enxaqueca e estresse.

“A minha grande sorte é que minha mãe tinha ido para Brasília assim que soube que eu estava doente. Ela pediu ao médico para dar um pedido de um exame mais preciso e me trouxe para Goiânia. Fomos fazer a ressonância magnética e na ressonância deu que eu estava com trombose venose cerebral. No consultório médico, tive uma crise convulsiva e fui internada às pressas. E comecei a terapia de anticoagulação”, contou ela no vídeo.

Muito emocionada, a professora faz um apelo às autoridades para o aumento de pesquisas sobre os riscos do uso de anticoncepcionais.

“Ainda não estou fora de perigo. Vou ter que tomar anticoagulantes por, pelo menos, mais um ano ou, dependendo dos exames que estou fazendo, pelo resto da minha vida. Tudo isso podia ter sido evitado se eu tivesse feito os exames para saber se eu tinha risco trombótico ou se eu tivesse sido alertada para o uso de anticoncepcionais. (...) Não entendo porque no Brasil e a gente não tem informações mais precisas sobre isso, porque os ginecologistas não alertam sobre isso. (...) Estou viva para contar a história, mas poderia não estar. Fiz esse vídeo porque não consigo escrever ainda e não consigo enxergar direito, mas espero que ele realmente sirva de alerta”.

A gravação compartilhada no Facebook no dia 9 de setembro e já possui mais de 125 mil compartilhamentos. Após a repercussão do caso de Carla, foi criada a página “Vítimas de anticoncepcionais. Unidas a favor da vida”, que já possui mais de 2.600 curtidas. Lá também estão sendo reunidos depoimentos de outras mulheres, inclusive adolescentes, que passaram pelo mesmo problema da professora.

Em depoimento ao site, o neurologista Gustavo Campos, responsável pelo caso de Carla, explicou que o uso de anticoncepcionais associado ao tabagismo pode aumentar os riscos de trombose. Ele afirmou ainda ter atendido outros dez casos semelhantes. A trombose é uma doença grave e a dificuldade no diagnóstico pode levar o paciente à morte. Campos ressaltou ainda a importância de realizar exames preventivos antes de iniciar o tratamento com anticoncepcionais.

“O medicamento pode alterar a coagulação sanguínea, predispondo a pré-formação de trombos, tanto cerebral, quanto em membros inferiores. Quando um trombo desloca, pode ir, por exemplo, para o pulmão e causar embolia pulmonar”, explicou o médico. “Não é um diagnóstico raro, mas é pouco frequente. Infelizmente, não há nenhum exame que comprove que o anticoncepcional causou a doença. Todo mundo tem esse risco, é inerente. Existem algumas pessoas que têm predisposição maior. É importante investigar antes de fazer uso”, afirmou o neurologista ao portal.