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Sidrolandia

Projeto financiado com recursos do Santander sai do papel e atende 21 adolescentes

Atualmente na Comarca de Sidrolândia, há 28 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas em meio aberto.

Flávio Paes/Região News

16 de Novembro de 2015 - 09:36

Desde outubro um grupo de 21 jovens e adolescentes, além de seus familiares, participa de cursos de  iniciação profissional, palestras com noções de cidadania, valores familiares, oferecidos por uma organização não-governamental, a Apascentar, habilitada pelo CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente). É o projeto Reconstruindo Minha Vida, financiado com recurso captado ainda em 2013, com base na lei 12.594, que autoriza empresas a doarem até 1% do imposto de renda devido para projetos sociais.

Atualmente na Comarca de Sidrolândia, há 28 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas em meio aberto. Desses, 10 adolescentes estão inseridos na modalidade de Liberdade Assistida (LA) e 18 na modalidade de Prestação de Serviço à Comunidade (PSC). Em três meses serão repassados R$ 100 mil á ONG que já começou oferecer oficinas de manicure, serigrafia, pintura em tela, estofaria, marcenaria, música, manutenção de computadores.

Entre os beneficiados estão jovens como José Ricardo, 14 anos, seu irmão Paulo Henrique, de 16 anos e a mãe deles, Eliane de Souza, que tem um terceiro filho além dos dois, está desempregada e decidiu fazer o curso de manicure, na expectativa de encontrar nesta atividade uma alternativa de renda.

Enquanto não consegue outro emprego (ela trabalhava como doméstica), está tendo como única fonte de renda os R$ 340,00 que recebe de bolsa família, valor insuficiente para cobrir, por exemplo, uma das despesas (o aluguel de R$ 450,00). Quem está cumprindo medida socioeducativa é o do meio, José Ricardo, que foi “punido” pelo juizado da Infância e Adolescência a prestar durante cinco dias serviços comunitários por ter brigado com um colega na escola municipal onde estuda (faz 6º  ano).

Foto: Paula Lucia/Região News

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Eliane de Souza (meio) é mãe de José Ricardo, 14 anos e seu irmão, Paulo Henrique, de 16 anos, ambos estão inseridos no projeto.

Já seu irmão, Paulo Roberto, resolveu também participar de forma voluntária. Além das atividades que participam na sede da ONG três vezes por semana, aos sábados estão fazendo um curso de estofaria numa empresa parceria do projeto. São três horas semanais, mas a ideia é viabilizar recursos para em 2016, haver cursos de 200 horas/aula, para que os participantes possam de fato de se profissionalizar.   

No grupo de adolescentes que estão participando dos cursos, está V.D.M, hoje com 16 anos, filho de uma família desestruturada. Ele passou boa parte da infância em casas de abrigo, vítima das drogas, com dezenas de passagens pela polícia. “Temos esperança de que vamos conseguir resgatá-lo de vez. Ele tem demonstrado muito interesse pelo curso de marcenaria”, relata a secretária de Assistência Social, Joana Michalski.

Nesta semana uma equipe da Secretaria e a presidente do CMDCA, Maria Toribia Olazar, participam de um curso de capacitação em Curitiba que é um pré-requisito para habilitação de mais recursos para dar continuidade ao projeto em 2016. Ainda há um saldo do valor inicial de R$ 372 mil, mas insuficiente para cobrir as despesas do ano inteiro. Pelos cálculos da APASCENTAR seria preciso investir R$ 260 mil. 

Um dos objetivos, segundo a presidente da entidade, advogado Elaine de Brito, é estruturar um curso de montagem de computador. Além de monitorar, os cursos envolvem a compra de material. Só o curso de serigrafia que está sendo oferecido, tem um custo estimado em R$ 3.558,00. Só a compra de 100 camisetas que serão usadas pelos alunos, vai custar R$ 1 mil.  

Captação

Estes recursos do Banco Santander foram captados em 2013, mas o projeto para sair do papel, esbarrou em problemas burocráticos. O dinheiro estava na conta do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente desde o início de 2014. Foi necessário contratar um consultor, realizou um diagnóstico socioeconômico (que ainda não foi publicado, mas está em fase de elaboração na gráfica), mas o processo atrasou porque as entidades que se habilitaram para executar os projetos, não conseguiram apresentar toda a documentação. 

No primeiro trimestre desde ano  o assunto gerou polêmica diante da denúncia de que o dinheiro tinha sido desviado para outras áreas na própria assistência. Foi então que a presidente da CMDCA, veio público para esclarecer  a situação.