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Sidrolandia

Violência sexual foi estopim para morte de arquiteta

Uma violência sexual, que levou ao fim do casamento e, por consequência, ao assassinato da arquiteta Eliane Nogueira.

Campo Grande News

23 de Agosto de 2010 - 14:36

A ordem dos fatos sobre a provável causa do crime foi narrada por Rosana Lopes Melo Nogueira, cunhada da vítima, durante a primeira audiência sobre o caso, realizada hoje na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande.

Ao todo, foram ouvidas 16 testemunhas. Por ser menor de idade, o filho de Eliane foi ouvido de forma reservada. Já o empresário Luiz Afonso dos Santos Andrade, marido da vítima e acusado pela morte, foi até o Fórum, mas não participou da audiência. Ele nega a autoria do crime.

Confidente de Eliane, Rosana foi a segunda a prestar depoimento. Ela contou que a vítima decidiu terminar o casamento com Luiz Afonso depois de uma relação sexual sucedida por violência.

Conforme a cunhada, Eliane relatou que o marido introduziu à força “a mão ou um objeto” em seu ânus e vagina. Após a prática que a testemunha definiu como estupro, Eliane resolveu colocar um ponto final no casamento, marcado por brigas e ciúmes. “O estupro foi um mês antes do crime”, conta Rosana.

Irmão da vítima, Wladimir Esteves Nogueira, afirma que Eliane foi morta porque Luiz Afonso não aceitou a separação. Responsável pelo inquérito policial, o delegado Wellington Oliveira, da 4ª Delegacia de Polícia Civil, aponta que o marido apresentava postura egoísta em relação à esposa.

“Ele estava moldando a Eliane”. Com o incentivo de Luiz Afonso, a arquiteta alisou os cabelos, fez tratamento dentário e colocou próteses de silicone nos seios. De origem humilde, ela foi a primeira pessoa da família a concluir ensino superior.

Na polícia, o casamento tumultuado deixou boletins de ocorrência de lesões mútuas. “Ele bateu nela e ela o arranhou para se defender. Depois, tentou fugir para a sacada do apartamento vizinho e ele disse que minha irmã tentou se matar”, conta Wladimir. Já a violência sexual não foi denunciada.

Dinheiro - Wladimir conta que antes do casamento, o então cunhado se mostrava gentil e fazia questão de pagar as contas. Contudo, após a união, Luiz Afonso não tinha dinheiro para nada. Inclusive, a arquiteta financiou o veículo Polo que já tinha pago para entregar o dinheiro ao marido.

Para Wladimir, o cunhado vivia de movimentações financeiras, que consistia em abrir empresas, captar recursos e pedir falência. Porém, afirma que duas semanas antes do casamento a irmã descobriu que Luiz Afonso tinha relacionamento com outra mulher e Eliane proibiu as viagens.

Questionado pelo advogado do acusado, Ruy Lacerda, ele não soube dizer em que Estado as empresas foram abertas. A polícia solicitou quebra do sigilo bancário para verificar a situação financeira do acusado. O delegado aponta que não recebeu as informações, mas acredita que o dado seja anexado ao processo na justiça.

Crime – Eliane foi encontrada morta, carbonizada, em seu próprio carro, um Polo, no dia 2 de julho em Campo Grande. Luiz Afonso foi preso no mesmo dia. O empresário é acusado de homicídio triplamente qualificado, destruição de cadáver e também do crime de incêndio.