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BRASIL

Indulto de Natal: Lula exclui condenados pelo 8 de Janeiro

A norma também impede o alcance do indulto a crimes hediondos, práticas de tortura, terrorismo, racismo, violência contra a mulher, tráfico de drogas, organização criminosa e delitos atribuídos a lideranças de facções.

Primeira Página

23 de Dezembro de 2025 - 08:35

Indulto de Natal: Lula exclui condenados pelo 8 de Janeiro
Perdão de penas em 2025 exclui crimes contra a democracia e prioriza casos específicos. – Foto: Ricardo Stuckert/PR.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva formalizou as regras do indulto natalino de 2025, publicadas nesta terça-feira (23) no Diário Oficial da União. O decreto define critérios objetivos para a extinção de penas, delimita grupos que podem ser alcançados pela medida e estabelece vedações expressas a crimes considerados de maior gravidade.

O indulto é um instrumento previsto no ordenamento jurídico brasileiro e permite que a pena seja encerrada antes do prazo final, desde que o condenado atenda a requisitos previamente fixados. Na prática, a concessão do benefício resulta na libertação do preso, quando não houver outros títulos penais em execução.

Entre as exclusões, o decreto afasta de forma categórica os condenados por crimes contra o Estado Democrático de Direito. Com isso, pessoas sentenciadas pelo Supremo Tribunal Federal em razão da participação nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro não podem ser beneficiadas. A norma também impede o alcance do indulto a crimes hediondos, práticas de tortura, terrorismo, racismo, violência contra a mulher, tráfico de drogas, organização criminosa e delitos atribuídos a lideranças de facções.

No campo dos crimes contra a administração pública, o texto estabelece um recorte específico: o perdão só poderá ser concedido quando a condenação for inferior a quatro anos. Além disso, o decreto exclui presos que tenham celebrado acordo de colaboração premiada ou que estejam custodiados em presídios de segurança máxima.

Para os demais casos, a concessão do indulto depende do tempo de pena já cumprido e da reincidência. Em condenações de até oito anos por crimes sem violência ou grave ameaça, o benefício pode ser analisado após o cumprimento de parte da pena até 25 de dezembro de 2025, um quinto para condenados primários e um terço para reincidentes.

Já nas penas de até quatro anos, inclusive quando há violência ou grave ameaça, o tempo exigido aumenta para um terço da pena no caso de não reincidentes e metade para reincidentes.

O decreto também prevê regras mais flexíveis para grupos considerados em situação de maior vulnerabilidade. Idosos, pessoas com deficiência, presos com doenças graves, mulheres com filhos menores ou com deficiência, além de homens que sejam os únicos responsáveis por crianças, podem ter o tempo mínimo de cumprimento da pena reduzido pela metade.

A norma reconhece limitações estruturais do sistema prisional para o tratamento de quadros clínicos complexos, o que facilita a análise do benefício em casos de saúde severa.

Há ainda um capítulo específico dedicado às mulheres. Mães e avós condenadas por crimes sem violência podem ter a pena extinta após o cumprimento de um oitavo do total imposto, ampliando o alcance social do indulto. O texto também trata das penas de multa, permitindo o perdão quando o valor for considerado irrisório para execução fiscal ou quando ficar comprovada a incapacidade financeira da pessoa condenada.

Para quem não se enquadrar nas hipóteses de extinção total da pena, o decreto autoriza a comutação, com redução do tempo restante de prisão. Nesse caso, a diminuição será de um quinto para condenados primários e de um quarto para reincidentes, funcionando como uma alternativa intermediária ao indulto pleno.

O que é o Indulto de Natal

O indulto de Natal é um benefício previsto na legislação brasileira que permite ao presidente da República extinguir total ou parcialmente a pena de pessoas condenadas, desde que cumpram critérios objetivos definidos em decreto publicado, tradicionalmente, no fim de cada ano.

Na prática, quando o preso se enquadra nas regras do decreto, a pena é encerrada (ou reduzida) e a pessoa pode deixar o sistema prisional, desde que não haja outras condenações em execução. A base legal está no Código Penal, que autoriza a extinção da punibilidade por meio do indulto.

Como funciona:

  • O presidente publica um decreto anual estabelecendo quem pode e quem não pode receber o benefício.
  • Os critérios costumam levar em conta tipo de crime, tempo de pena cumprido, reincidência e condições pessoais do condenado.
  • A aplicação não é automática: cada caso é analisado pela Justiça da Execução Penal.