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Economia

Aumento do crédito à pessoa física faz crescer inadimplência em Mato Grosso do Sul

O estudo é feito a partir de uma amostra significativa de 11,5 milhões de CPFs e segmentado por classe de rendimento mensal

Midiamax

23 de Julho de 2012 - 09:04

O aumento do poder de compra das classes C e D provocaram e facilidade de acesso ao crédito à pessoa física e fez crescer a inadimplência no Brasil. É o que demonstra levantamento divulgado pelo Serasa Experian.

Para Renato Paniago, Diretor do Serviço Central de Proteção Crédito do Mato Grosso do Sul (SCPC/MS), de janeiro a junho deste ano, o SCPC teve um registro de 120 mil inadimplentes, um acréscimo de 13,3%, com relação ao mesmo período de 2011. “O aumento da inadimplência provoca retração no consumo, pois as lojas acabam por dificultar compras em longo prazo”, explica Renato, que revela também que o crescimento da inadimplência se deve à oferta de crédito que tem havido recentemente.

Segundo os indicadores do Serasa, que registra a quantidade mensal de anotações de dívidas de pessoas físicas em atraso junto às financeiras e cartões de crédito, a inadimplência teve um aumento de 7,5% na comparação entre os meses de junho de 2011 e junho 2012.

O mesmo levantamento demonstra uma queda de dois pontos percentuais na procura de crédito por parte dos consumidores durante os meses de maio e junho. O estudo é feito a partir de uma amostra significativa de 11,5 milhões de CPFs e segmentado por classe de rendimento mensal.

Mato Grosso do Sul

Apesar de o Estado não possuir uma pesquisa específica sobre a inadimplência, o diretor do SCPC percebe uma queda nas vendas a prazo e o aumento na utilização do cheque à vista.

“O consumidor deve planejar seus gastos para conseguir honrar seus compromissos financeiros”. Ele explica que o SCPC/MS possui um canal de negociação junto aos credores para resolução das dívidas. “A câmara de mediação que funciona na Associação Comercial ajuda as partes a chegarem a um acordo”.

Empresas

O aumento na inadimplência ocasionou a dificuldade na liberação do crédito junto às financeiras, diminuindo as vendas. É o que diz José Luiz Marçal, gerente de uma concessionária de motos em Campo Grande.

Para José Luiz, a procura pelo bem continua alta, porém a restrição ao crédito provocou queda nas vendas. “A média de vendas é de cerca de 40 motos por mês... Julho está sendo pior neste ano”, explica ao relatar que em apenas um dia foram reprovados 20 cadastros.

Lojistas

De acordo com a ACICG – Associação Comercial e Industrial de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, 68% da arrecadação vem do comércio, que também gera quase 70% dos empregos com carteira assinada.

Lojistas ouvidos pela reportagem do Midiamax relataram o aumento de exigências feitos pela loja para que o cliente compre no crediário.

Paulo Martins, gerente local de uma das lojas ouvidas, conta que, com algumas precauções, a loja conseguiu diminuir o número de mau-pagadores.

Segundo o gerente, a triagem na loja é feita por meio de uma pesquisa. “Nossos colaboradores fazem o preenchimento de uma ficha, que posteriormente é repassada para os responsáveis do crediário. Somente após uma pesquisa de referências e garantias é que é permitido que o cliente compre no crediário da loja”, comemora ao responder sobre o baixo percentual de inadimplência em sua loja.

Apesar da restrição ao crédito divulgado pelo governo, os lojistas ouvidos pela reportagem concordam em um aspecto: o mês de julho, mesmo sendo período de transição por não possuir uma data de apelo comercial, continua aquecido com as vendas de inverno.

Sidinei Pereira de Souza, 53, procurou uma loja para comprar uma bota e acabou fazendo um crediário. “Vim pra comprar uma bota à vista, mas não encontrei e vi que era fácil fazer o cartão da loja”, explica enquanto aguarda a aprovação de seu crediário em meio à loja bastante movimentada.

Expectativa

Sobre a perspectiva da inadimplência do brasileiro, os economistas do Serasa afirmam que a aceleração da atividade econômica, a continuidade de redução das taxas de juros, a manutenção das taxas de desemprego em patamares historicamente baixos e o maior rigor das instituições financeiras na concessão de crédito contribuirão para a melhora gradativa no cenário da inadimplência do consumidor durante o segundo semestre de 2012.