Economia
Dívida pública cai 0,46% em outubro e passa para R$ 3,03 trilhões
Volume maior de resgates de títulos públicos motivou queda da dívida. Tesouro estima que dívida poderá chegar a R$ 3,3 trilhões no fim de 2016.
G1
23 de Novembro de 2016 - 13:00
A dívida pública federal brasileira, que inclui os endividamentos interno e externo do governo, registrou queda de 0,46% em outubro e chegou a R$ 3,03 trilhões, informou nesta quarta-feira (23) o Tesouro Nacional. Em setembro, o endividamento público somava R$ 3,04 trilhões.
De acordo com o governo, a queda da dívida pública em outubro está relacionada com o resgate líquido, ou seja, retirada de títulos públicos no mercado acima do valor das emissões de papéis, ou seja, da colocação.
Em outubro, as emissões de títulos públicos somaram R$ 77,42 bilhões. Já o gasto com os títulos vencidos totalizou R$ 113,45 bilhões. A diferença entre os dois valores, R$ 36,04 bilhões, é o valor do chamado "resgate líquido". A dívida caiu, no mês passado, apesar das despesas com juros no valor de R$ 22,02 bilhões.
Programação para 2016
Apesar do recuo em outubro, a expectativa do Tesouro Nacional é de aumento no endividamento neste ano. A previsão para 2016, divulgada no início deste ano, é de que a dívida pública poderá chegar a R$ 3,3 trilhões no fim do ano.
Segundo o Tesouro, as necessidades brutas de financiamento da dívida pública neste ano, por meio da emissão de títulos, são de R$ 698 bilhões, mas estão previstos R$ 108 bilhões em recursos orçamentários. Com isso, a necessidade líquida de financiamento é de R$ 589 bilhões.
Dívida interna X externa
Considerada apenas a dívida interna, houve queda de 0,40% em outubro, para R$ 2,90 trilhões. A resultado decorre da retirada de líquida de papéis (acima dos vencimentos) do mercado, apesar das despesas com juros - que impulsionaram a dívida para cima no mês passado.
No caso do endividamento externo, houve uma redução de 1,92% no mês passado, para R$ 123,6 bilhões. A queda ocorreu devido à queda do dólar no mês passado, reduzindo também o endividamento em moeda estrangeira, e da retirada de R$ 450 milhões em títulos da dívida externa do mercado.
Compradores
Os números do Tesouro Nacional também revelam que a participação dos investidores estrangeiros na dívida pública interna voltou a cair em outubro. No mês passado, os investidores não residentes detinham 14,90% do total da dívida interna (R$ 433 bilhões), contra 14,97% (R$ 447 bilhões) em setembro.
Com isso, os estrangeiros seguem na quarta colocação de principais detentores da dívida pública interna em outubro, atrás dos fundos de previdência (24,64%, ou R$ 716 bilhões) - que seguem na liderança -, das instituições financeiras (23,14% do total, ou R$ 673 bilhões), e dos fundos de investimento (22,08% do total, ou R$ 642 bilhões).
Perfil da dívida
O Tesouro Nacional informou ainda que o estoque de títulos prefixados (papéis que têm a correção determinada no momento do leilão) somou R$ 1,07 trilhão em outubro, ou 37% do total, contra R$ 1,13 trilhão, ou 38,9% do total, em setembro. O cálculo foi feito após a contabilização dos contratos de swap cambial.
Os títulos atrelados aos juros básicos da economia (os pós-fixados), por sua vez, tiveram sua participação elevada em outubro. No fim do mês passado, estes títulos públicos representavam 25,73% do volume total da dívida interna em mercado, ou R$ 748 bilhões, contra 24% do total (R$ 701 bilhões) em setembro.
A parcela da dívida atrelada aos índices de preços (inflação) somou 33,6% do total em outubro deste ano, ou R$ 977 bilhões, contra 32,8% do total em setembro de 2016 o equivalente a também a R$ 958 bilhões.
Contratos de swap
Os ativos indexados à variação da taxa de câmbio, por sua vez, somaram 3,6% do total (R$ 104 bilhões) em outubro, contra R$ 122 bilhões (4,2% do total) em setembro deste ano.
Esta dívida atrelada ao dólar se deve à emissão nos últimos anos, pelo Banco Central, de contratos de swap cambial que funcionam como uma venda de dólares no mercado futuro (derivativos) para evitar uma alta maior na cotação da moeda.
Os swaps cambiais são contratos para troca de riscos. O BC oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda. No vencimento deles, o BC se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do investidor a variação do dólar no mesmo período.
É uma forma de a instituição garantir a oferta da moeda norte-americana no mercado, mesmo que para o futuro, e controlar a alta da cotação. Recentemente, a instituição informou que pretende emitir menos destes contratos, o que tende a baixar o patamar da dívida atrelada à variação da taxa de câmbio.