ECONOMIA
Em alta, soja é moeda para compra de carros e imóveis em cidade de MT
Com sacas de soja é possível comprar imóveis, veículos, materiais para construção ou até mesmo insumos necessários para o plantio da próxima safra
G1 MT
01 de Junho de 2012 - 15:29
Empresária do setor imobiliário, Neiva Dalla Valle fechou, na semana passada, a venda de um imóvel no valor de R$ 1,2 milhão. Em troca do bem, o comprador comprometeu-se em dar de entrada 10 mil sacas de soja e dividir pouco mais de 22 mil sacas entre os anos de 2013 e 2014.
O negócio fechado por Neiva não é incomum. Há pelo menos duas décadas, a soja tornou-se moeda de troca no comércio de Sorriso, município que mais produz o grão em Mato Grosso, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Com sacas de soja é possível comprar imóveis, veículos, materiais para construção ou até mesmo insumos necessários para o plantio da próxima safra.
Sorriso se beneficia de uma cultura que mantém bom desempenho financeiro mesmo em meio à retração da agricultura brasileira no primeiro trimestre deste ano segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (1º), a agropecuária teve queda de 7,3% nos primeiros três meses do ano, na comparação com o último trimestre de 2011.
Segundo o Ministério da Agricultura, no entanto, a receita das exportações do complexo soja somaram US$ 4,83 bilhões nos primeiros três meses do ano, uma alta de 52,6% frente ao mesmo período de 2011. Apesar da expectativa de queda de 11,4% na safra deste ano, o preço da saca teve forte alta: no final de 2011, a saca de 60 quilos da soja de Sorriso era vendida, em média, por cerca de R$ 37. Ao final de março, já estava em R$ 45, movimentando a ecoomia da região, onde o PIB per capita chegava a quase R$ 39 mil em 2009 (último dado disponível).
Negociação
Além de programar o pagamento das parcelas dos bens com base na colheita da safra, usando os grãos ou o dinheiro obtido com a venda da produção, os agricultores também têm a opção negociar a compra de imóveis e veículos em troca do grão através de empresas credenciadas que pagam antecipadamente pela produção.
"Estou há 20 anos fazendo negócios na região, principalmente em cidades que giram em torno da agricultura. Para o agricultor, usar a soja se torna uma vantagem, pois ele sabe como é a moeda dele. Sabe o custo que é para plantar", destacou Neiva.
Na imobiliária, explica Neiva, 70% de todos os imóveis comercializados têm o pagamento feito com a oleaginosa. "O produtor sabe quantas sacas podem ser separadas para se comprar bens. É por isso que a cidade cresce e cada vez mais rapidamente", observa.
O empresário Plínio Edimar Ficagna, responsável por uma revenda de veículos, também aceita pagamentos em soja. Por mês, são vendidos de 20 a 25 automóveis. Deste total, de 15% a 20% são fechados usando a soja. Mas o representante lembra que existem critérios a ser fixados antes das vendas para garantir a segurança no pós-venda. "Hoje, 90% da nossa economia são baseados na agricultura e todo negócio é feito desta maneira", diz.




