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Economia

Entressafra faz o preço da carne disparar nos açougues do Estado

O aumento se deve principalmente à chamada entressafra da produção, quando o mercado é abastecido em sua maioria por animais confinados que tem um custo maior e oferta reduzida

Diário MS

24 de Outubro de 2012 - 16:00

O preço da carne bovina teve uma alta média de 6% nas vendas a varejo em Mato Grosso do Sul no último trimestre, segundo dados divulgados ontem pela Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de MS) em seu ‘Boletim Casa Rural’ de setembro. O aumento se deve principalmente à chamada entressafra da produção, quando o mercado é abastecido em sua maioria por animais confinados que tem um custo maior e oferta reduzida.

Os 14 cortes contabilizados no boletim tiveram alta entre julho e setembro. Sendo que a menor variação foi apresentada pelo Cupim (0,79%), que atingiu o valor de R$ 13,96 o quilo. Apesar da alta recente, este corte foi o que teve maior queda de valor este ano, já que em janeiro custava até 10,51% mais caro, comercializado a R$ 15,60.

 Já a maior alta foi apresentada pelo contrafilé, em 16,44% nos últimos três meses. Este mesmo corte teve queda de 2,33% no preço se comparado a janeiro. Um quilo deste tipo de carne bovina atingiu R$ 18,06 no mês passado. Além deste, outros cortes tiveram aumentos expressivos entre julho e setembro, entre eles a alcatra (16,25%), a Costela Ripa (10,12%) e o Coxão Mole (16,38%).

 MERCADO

 De acordo com o agrônomo e mestre em economia rural, Gilberto Bernardi, boa parte desse aumento está relacionado ao período atual que está fora da produção de boi no pasto, a chamada ‘entressafra’. “Nesse momento o mercado é abastecido, fundamentalmente, por animais confinados”, lembra.

 Ainda de acordo com ele, este ano houve um pequeno aumento nos custos da produção de bovinos, como nos de medicamentos e sal mineral. Além disso, o animal confinado é alimentado principalmente por milho, que teve alta nos preços este ano. “O milho está numa cotação alta e a bovinocultura de confinamento é boa parte alimentada com milho; então o que o produtor rural de milho vem ganhando com esse aumento, o produtor de bovino paga essa conta”, explica. O agrônomo ainda lembra que há uma redução nacional no número de bovinos confinados.

 NO AÇOUGUE

 O gerente de uma casa de carne em Dourados, Valdinei Aparecido de Melo Oliveira, disse que o empreendimento sentiu os impactos do aumento. Segundo ele, houve três reajustes consecutivos nos preços pagos pelos açougues logo em julho e que depois, os preços ficaram praticamente estabilizados no município. “O que acontece é que o frigorifico está comprando gado mais barato no pasto este ano, mas eles não repassam o preço para a casa de carne”, acredita.

 Ainda conforme Oliveira, só há um fornecedor. “Só temos um frigorifico aqui, não tem concorrência, ele não baixa e preço e nós não temos para onde correr. Nessa cadeia, quem acaba ‘pagando o pato’ é o consumidor”, acredita. Segundo ele, quando há aumento no preço da carne, as vendas diminuem. Alguns consumidores já estão, inclusive, optando por mesclar nas compras, quantidades maiores de carne de porco e frango.

 Ainda de acordo com boletim da Famasul, o frango/galinha abatido inteiro teve queda de 23,12% no preço entre agosto e setembro deste ano. Sendo que três tipos de cortes acompanharam a queda, ainda que em proporções menores, são o quilo da coxa (7,80%), coxinha da asa (9,65%) e do peito (6,98%). Tiveram alta nos preços a asa (3,10%), coxa/sobrecoxa (1,53%) e o peito sem osso (12,68%).