Logomarca

Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Sexta, 5 de Dezembro de 2025

ECONOMIA

Etanol de milho transforma o campo e reposiciona o Brasil no cenário energético global

As projeções são mais ambiciosas: até 2030, a produção pode atingir 10 bi.

Página 1 News

26 de Julho de 2025 - 09:12

Etanol de milho transforma o campo e reposiciona o Brasil no cenário energético global

O avanço da produção de etanol a partir do milho está redesenhando os contornos do agronegócio brasileiro, conferindo ao setor produtivo um novo protagonismo na matriz energética do País e promovendo transformações profundas nas dinâmicas agrícolas do Centro-Oeste. Embasado por tecnologia, melhoramento genético e investimentos consistentes, o biocombustível renovável vem se consolidando como uma alternativa estratégica à gasolina, não apenas pela eficiência energética, mas sobretudo pelo seu potencial de reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa.

Com um crescimento exponencial nos últimos anos, o etanol de milho evoluiu de 520 milhões de litros produzidos em 2017 para expressivos 4,5 bilhões de litros em 2022, um salto de mais de 800% em apenas cinco anos. As projeções são ainda mais ambiciosas: até 2030, a produção poderá atingir a marca de 10 bilhões de litros anuais, representando até 40% de todo o etanol consumido no território nacional.

Esse novo capítulo do agronegócio brasileiro tem como um de seus principais alicerces o avanço no melhoramento genético do milho. O desenvolvimento de híbridos com maior tolerância a estresses hídricos e térmicos, adaptados especialmente às condições do Cerrado, tem sido essencial para garantir estabilidade produtiva, precocidade e alto desempenho em diferentes regiões, inclusive em áreas até então consideradas de baixa aptidão agrícola.

Com a elevação da produtividade e a expansão do cultivo para novas fronteiras, o milho ganhou um novo status no Brasil. Estados como Mato Grosso se tornaram verdadeiros polos industriais do biocombustível, com a moagem do cereal saltando de modestos 230 mil toneladas na safra 2014/2015 para mais de 12,5 milhões de toneladas na safra 2024/2025. Tal transformação só foi possível graças à adoção de sementes geneticamente melhoradas que garantem uniformidade dos grãos, facilitando o processo industrial e aumentando a conversão de amido em etanol.

Além do etanol em si, a cadeia produtiva do milho vem gerando subprodutos de alto valor agregado, como o DDG (Dried Distillers Grains), utilizado na alimentação animal e já exportado para mercados exigentes como o chinês, e o óleo de milho, insumo com crescente utilização na indústria alimentícia e energética. Tais derivados agregam ainda mais valor à cadeia, promovendo a industrialização regional e fortalecendo as economias locais.

Outro aspecto decisivo no avanço do etanol de milho é seu desempenho ambiental. Estudos indicam que o biocombustível pode reduzir em até 70% as emissões de CO₂ em relação à gasolina, posicionando-se como peça-chave nos compromissos ambientais brasileiros e no combate ao aquecimento global. Essa qualidade o insere de forma estratégica nas discussões sobre transição energética e descarbonização da economia.

O Brasil já é o segundo maior produtor mundial de etanol, atrás apenas dos Estados Unidos. Em 2024, a produção brasileira alcançou 8,78 bilhões de galões (aproximadamente 33,2 bilhões de litros), contra 16,1 bilhões de galões (cerca de 61 bilhões de litros) registrados pelos norte-americanos. A diferença, embora considerável, vem diminuindo com rapidez à medida que a indústria brasileira avança em tecnologia, escala e sustentabilidade.

Ao fomentar a inovação no campo e aliar produtividade a responsabilidade ambiental, o etanol de milho transforma-se em um símbolo da nova agricultura brasileira. Uma agricultura que não apenas alimenta, mas também movimenta o País e o mundo, conectando os grãos plantados no Cerrado à agenda global de energia limpa.

Em meio à crescente demanda por fontes renováveis, o biocombustível se consolida como instrumento de soberania energética, dinamização econômica regional e protagonismo ambiental. Mais do que uma tendência, o etanol de milho representa um caminho concreto para um futuro mais sustentável e tecnologicamente integrado ao desenvolvimento do Brasil.