ECONOMIA
Mato Grosso do Sul registra mais de 66 mil novos "nomes sujos" no 1º semestre
Mato Grosso do Sul soma mais de 1,1 milhão de inadimplentes e mais de R$ 8,3 bilhões em dívidas.
Correio do Estado
24 de Julho de 2025 - 13:36

O número de inadimplentes continua em crescimento em Mato Grosso do Sul. Dados da Serasa apontam que o Estado encerrou o primeiro semestre deste ano com 1.196.534 pessoas com o “nome sujo”, ante 1.129.829 em dezembro de 2024 – alta de 6% ou mais de 66,7 mil novos registros somente nos primeiros seis meses deste ano. No total, os sul-mato-grossenses acumulam 5.148.260 dívidas em aberto, que somam R$ 8,39 bilhões.
A inadimplência atinge agora mais de um terço da população adulta do Estado. Isso significa que, a cada três pessoas, uma tem contas atrasadas e está com restrições no CPF. O volume de dívidas corresponde a um ticket médio de R$ 7.013,41 por inadimplente e de R$ 1.630,02 por dívida.
Campo Grande lidera o ranking estadual da inadimplência, são 464.977 pessoas com o “nome sujo” e mais de 2,3 milhões de dívidas ativas, somando um valor de R$ 3,77 bilhões. Isso representa um ticket médio de R$ 8.115,47 por inadimplente, o maior entre as cidades com alto índice de concentração de dívidas.
Ainda de acordo com a Serasa, na sequência aparece Corumbá, com 47.456 inadimplentes, 190.875 dívidas e um total de R$ 314,1 milhões em débitos. Já Ponta Porã tem 38.418 pessoas negativadas, 142.902 dívidas e um montante de R$ 233,2 milhões. Nessas cidades, o valor médio por inadimplente é de R$ 6.620,57 e R$ 6.070,49, respectivamente.
Especialistas ouvidos pelo Correio do Estado apontam que o aumento dos custos de vida e a dificuldade de acesso ao crédito formal são os principais vetores da inadimplência em alta. Além disso, há um componente comportamental: muitos consumidores utilizam o crédito rotativo, como cheque especial e cartão de crédito, sem planejamento, o que gera uma bola de neve de juros.
Segundo o economista Eduardo Matos, o sistema financeiro brasileiro é bastante democrático, o que não é necessariamente ruim, mas pode ser prejudicial em função da falta de educação financeira.
“Um acesso mais facilitado a instrumentos de crédito de alto risco, como os cartões de crédito e limite do cheque especial, que se tornam armas na mão do cidadão brasileiro. Porque, a partir do momento em que ele tem à sua disposição esse tipo de crédito, ele usará e, em muitos casos, até mesmo sem pensar ou interpretá-lo como uma extensão de sua renda, o que não é verdade”, considera Matos.
O mestre em Economia Eugênio Pavão ressalta que entre os que ganham um salário mínimo o inadimplemento é ainda maior. “Os salários não dão conta dos pagamentos das necessidades básicas. Mesmo com o aperto monetário, o salário mínimo não contempla as necessidades básicas”, conclui.
NEGOCIAÇÃO
Os dados demonstram um avanço preocupante do endividamento em Mato Grosso do Sul, mesmo com o aumento da adesão a mecanismos facilitadores de negociação, como o Pix. Conforme levantamento da Serasa, entre junho de 2024 e junho deste ano, 164.725 consumidores sul-mato-grossenses quitaram pendências por meio da ferramenta, alta de 38% em relação ao período anterior. Já o número de consumidores que optaram por parcelar os débitos caiu de 20.544 para 16.155 no mesmo comparativo.
A situação, no entanto, vem sendo enfrentada com novas alternativas. A especialista da Serasa em Educação Financeira, Rafaela Alves, destaca o papel do Pix nesse processo.
“Estamos acompanhando de perto a evolução dos meios de pagamento para ampliar o acesso dos brasileiros às condições facilitadas de negociação”.
Entre os acordos fechados com Pix na região Centro-Oeste, 98% foram pagos à vista, o que proporciona vantagens como baixa da negativação instantânea e aumento imediato no Serasa Score, segundo a instituição. Isso estimula os consumidores a buscarem quitação rápida, sem a necessidade de parcelamentos.
Ainda assim, em Mato Grosso do Sul, os dados mostram que muitos acordos seguem sendo feitos em valores baixos. Entre junho de 2024 e junho deste ano, foram 41.173 negociações de dívidas de até R$ 100,00, uma leve queda em relação às mais de 43 mil registradas no ano anterior. Atualmente, mais de 346 mil sul-mato-grossenses ainda podem renegociar pendências com descontos que chegam a 95%.
A empresa lançou uma ação especial para o Centro-Oeste, visando ajudar os 6,5 milhões de inadimplentes da região. A iniciativa concentra esforços em renegociações via Serasa Limpa Nome, reunindo mais de 1.000 empresas parceiras, incluindo concessionárias de serviços básicos e bancos.
“A facilidade do Pix, aliada aos grandes descontos e à possibilidade de limpar o nome com valores baixos. pode ser o pontapé inicial para uma nova vida financeira mais saudável”, finaliza Rafaela.




