Economia
Sem capital para comprar soja, esmagadora suspende operação e deve trocar gerência
Segundo o presidente do Sindicato Rural, Rogério Menezes, a indústria que comprava em média 150 mil sacas de soja, não está conseguindo adquirir matéria-prima.
Flávio Paes/Região News
14 de Setembro de 2015 - 07:45
A Rio Pardo Bioenergia, esmagadora de soja inaugurada em dezembro de 2012, há dois meses suspendeu suas compras de soja, provavelmente por falta de capital. A empresa está com as operações praticamente suspensas, demitiu parte dos 60 funcionários e deve passar por uma reestruturação até com a mudança de gerência.
Segundo o presidente do Sindicato Rural, Rogério Menezes, a indústria que comprava em média 150 mil sacas de soja, não está conseguindo adquirir matéria-prima para manter a atividade, porque muitos produtores se recusam a comercializar com a empresa enquanto não receberem os atrasados.
Acredito que a empresa vai se recuperar, quitar seus débitos e retomar a produção. A direção tem procurado os credores, pedindo prazo. Na minha avaliação trata-se de um grupo sério, não de aventureiros, avalia Menezes. Embora estivesse operando desde outubro de 2013 com apenas 25% da sua capacidade de esmagamento (300 toneladas diárias, quando tem estrutura para 1.200), a Rio Pardo precisa de um capital de giro em torno de R$ 10,7 milhões para adquirir sua demanda de soja.
Quem vende quer receber, porque precisa de capital para investir na próxima safra. O produtor tem condições de financiar a matéria-prima de uma indústria, observa um grande produtor, que não quis vender para Rio Pardo, por causa do preço oferecido (não é competitivo) e o fato de não ter uma garantia de compra de um volume de produção que compense se fidelizar como fornecedor.
A Rio Pardo só começou a operar, em outubro de 2014, 22 meses depois da inauguração do seu parque industrial. Parte desta demora decorreu dos entraves burocráticos de um financiamento R$ 24 milhões de uma linha de crédito do FCO (Fundo Constitucional do Centro-Oeste).
O crédito com juros menores e prazo de 8 anos para pagamento demorou para ser liberado e foi reduzido a R$ 7 milhões, obrigando o desembolso de mais recursos próprios dos investidores no empreendimento. O projeto, desta que é primeira indústria de esmagamento de soja de Sidrolândia, exigiu investimento de R$ 40 milhões, sendo que deste total só 17,5% foram viabilizados com o financiamento do FCO.
São mais de R$ 33 milhões de recursos próprios investidos numa unidade industrial automatizada, com equipamentos de última geração. A pretensão é produzir um farelo de soja com maior concentração de proteína, além desenvolver um biodiesel para aviões.
A crise econômica, com juros altos e redução da oferta de crédito, pode ter sido um fator determinante para esta dificuldade de capital de giro da empresa, que atualmente é um problema generalizado na economia. A reportagem não conseguiu contato com direção da empresa.