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Esporte

O jogo que não acabou: Verdão e Flu revivem 2009 em situações opostas

Há três anos, Tricolor venceu no Rio e arrancou contra degola, enquanto Palmeiras deixou título escapar. Personagens se reencontram no domingo

Globo Esporte.com

10 de Novembro de 2012 - 09:51

Faz três anos, mas é como se tivesse sido na rodada passada do Campeonato Brasileiro. Palmeiras e Fluminense em campo. Um dos times é o líder e busca o título, o outro está desesperado. Fred faz o gol da vitória tricolor, Obina tem um gol anulado de forma polêmica, e o Tricolor sai do Maracanã com o suado 1 a 0 e os três pontos na conta. Um jogo que rende discussão até hoje, um confronto que não acabou. Neste domingo, às 17h (horário de Brasília), em Presidente Prudente, os rivais entram em campo com sentimentos inversos aos daquela tarde de 8 de novembro de 2009.

Antes daquela 34ª partida, o Palmeiras era o líder absoluto havia várias rodadas, mas vinha perdendo terreno para os rivais. O Flu, ao contrário, mostrava uma sobrevida depois de ter sido “rebaixado” quando os números ainda lhe davam 1% de esperança na fuga. No fim, melhor para o time que brigava para não cair. Os tricolores se salvaram na última rodada, e os alviverdes perderam até uma vaga quase certa na Libertadores.

O Fluminense, desesperado de outrora, hoje vive a expectativa de comemorar seu segundo título brasileiro em três anos. O Palmeiras, badalado da época, hoje vê suas esperanças menores a cada rodada. Neste domingo, seis jogadores que participaram daquele duelo estarão presentes, como titulares ou reservas: Digão, Gum, Diguinho e Fred, pelo Flu, e Bruno e Obina pelo Palmeiras.

Torcida e artilheiro: segredos do Flu

Herói da fuga em 2009, é Fred quem comanda a caminhada tricolor. Artilheiro do Brasileirão com 17 gols, ele foi peça-chave da arrancada épica de 2009, que teve um de seus pontos altos naquele duelo contra o Palmeiras. O gol de cabeça aos 14 minutos do segundo tempo, a comemoração como se estivesse jogando seu coração para a torcida, o êxtase ao apito final... Lembranças que ainda arrepiam os torcedores.

Tudo isso está vivo na memória do atacante Maicon, hoje no Lokomotiv Moscou, da Rússia. Ele era o companheiro de Fred na linha de frente do time comandado por Cuca, e viu de perto a reação impressionante de um Fluminense que parecia condenado à Série B.

– Era um jogo muito difícil, porque o Palmeiras estava lutando pelo título, e nós, para não cair. Foi um jogo muito pegado, mas o Fluminense precisava da vitória e tínhamos que partir pra cima. Da mesma maneira, sabíamos que não podíamos dar espaço para o Palmeiras porque eles tinham um time muito bom e rápido no contra-ataque. O fundamental para aquela vitória foi a vontade do grupo de ajudar um ao outro. Além, é claro, da torcida, que estava linda e sempre nos apoiando – disse Maicon.

A torcida realmente apoiou. O público no Maracanã foi de 66.884 pagantes, número que superaria facilmente o recorde do Brasileirão deste ano – os 54.118 torcedores em São Paulo 1 x 1 Fluminense, no domingo passado. Em Presidente Prudente, o público esperado é de 35 mil a 40 mil – 4 mil tricolores e o restante de palmeirenses. De acordo com Maicon, o grupo ganhou força depois daquela vitória:

– Foi um marco na arrancada. Um jogo muito difícil diante de uma equipe que lutava pelo título. Foi mais uma das importantes vitórias que nos ajudaram a permanecer na Série A.

 No fim, o Flu terminou com 46 pontos e se livrou definitivamente do risco na última rodada, ao empatar em 1 a 1 com o Coritiba no Couto Pereira – derrubando justamente o rival paranaense.

Do lado alviverde, polêmica

Em campo, o Palmeiras era o líder do Brasileiro, e o Fluminense amargava a 19ª posição. Arrumado, treinado pelo badalado Muricy Ramalho e na luta pelo título, o Verdão controlou o jogo no primeiro tempo e o gol parecia ser questão de tempo. Aos 29, a pressão deu certo, mas o árbitro Carlos Eugênio Simon anulou um gol legítimo de Obina. Após cruzamento de Figueroa, o atacante ganhou disputa com Maicon e cabeceou sem chances para o goleiro Rafael.

– Até hoje não entendo como aquele gol foi anulado. Perdemos a cabeça depois daquilo, e acabamos sem o título – disse Obina, em entrevista recente.

A derrota para o Flu é emblemática, mas é fruto de uma queda que o Palmeiras já vinha apresentando em rodadas anteriores. Antes líder disparado, o time de Muricy Ramalho perdeu para rivais mais fracos – casos de Náutico e Santo André – e viu os adversários encostarem. Com a derrota consumada, o Verdão perdeu a liderança para o São Paulo. Até o fim, ainda seria ultrapassado por Flamengo (campeão), Internacional e Cruzeiro.

As consequências pós-Flu foram desastrosas. O então presidente Luiz Gonzaga Belluzzo perdeu o controle, deu entrevistas “jurando” o árbitro por ter anulado o gol e refletiu a efervescência emocional de um elenco pressionado a conquistar um título relevante para o Verdão. Protagonista, Obina brigou com o zagueiro Maurício duas rodadas depois, contra o Grêmio, e foi mandado embora do clube. Voltou em julho deste ano.

Três anos depois, Simon, hoje comentarista do canal Fox Sports, afirmou que Obina teria admitido que fez falta em Maicon no lance. Poucas horas depois, o atacante rebateu:

– As câmeras dizem tudo. Eu estava sozinho no lance, como ia fazer a falta? Ele tem que entender que errou e assumir, sem colocar a culpa nos outros, dizer que eu falei o que não falei. Pura mentira e todo mundo viu que não foi falta. Fiz um gol legítimo e a anulação nos atrapalhou muito em 2009.

O Palmeiras quer esquecer as polêmicas e se concentrar na fuga da degola, e o Flu quer logo comemorar o título. O torcedor alviverde espera que o Fluminense de ontem seja o Palmeiras deste domingo. O tricolor torce para que o filme tenha final semelhante ao do jogo passado.