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Lula emplaca nova marca, mas efeito político ainda depende de desempenho econômico, avaliam analistas

A nova marca, segundo Palmeira, busca agora inaugurar uma nova fase na gestão petista.

Midiamax

02 de Setembro de 2025 - 16:28

Lula emplaca nova marca, mas efeito político ainda depende de desempenho econômico, avaliam analistas
Lula tem adotado tom nacionalista. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A comunicação do Governo Lula tem nova marca. Na sexta-feira (29), o ministro Sidônio Palmeira, titular da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, apresentou a mensagem “Governo do Brasil – do lado do povo brasileiro”, durante encontro que reuniu cerca de 600 servidores de órgãos e entidades do Sistema de Comunicação de Governo. A reunião aconteceu no salão Oeste do Palácio do Planalto.

A expressão ‘União e Reconstrução’ marcou os primeiros anos do governo Lula. A nova marca, segundo Palmeira, busca agora inaugurar uma nova fase na gestão petista. Entretanto, analistas de comunicação política avaliam que o efeito junto à sociedade dependerá diretamente do desempenho econômico da gestão federal.

Lucas Pimenta, jornalista especializado em marketing político, considera que “depois de dois anos e meio patinando para encontrar uma marca”, Lula ganhou uma de presente: a taxação de Donald Trump.

“A taxação de Trump e a defesa da soberania contra a interferência americana foram as únicas pautas que conectaram o governo ao eleitor médio e desengajado, o que é curioso, afinal, o discurso nacionalista sempre foi atrelado ao bolsonarismo. O único momento de respiro do governo foi esse. Mais do que isso, Lula sabe que a situação econômica não terá reversão breve e economia decide a eleição”, disse ao Jornal Midiamax.

O analista destaca que a mudança deve ser observada com visão macro das necessidades do eleitor médio.

“Uma realidade que narrativas complexas não podem combater. Ou seja, se os preços nos supermercados continuarem altos, o brasileiro mais pobre seguirá culpando o presidente, como historicamente o fez, mesmo com o inimigo comum externo (Trump) e o interno (A elite). Historicamente o eleitor médio não consegue refletir de forma profunda e sempre atribui glórias e fracassos, em especial, os econômicos, ao presidente”, aponta.

A psicóloga Gisele Meter, consultora em marketing político, segue a mesma linha de raciocínio. Ela considera que “se o governo não entregar resultado concreto que é mais emprego, economia melhor, saúde funcionando, essa mensagem pode se voltar contra eles”.

“Agora, o objetivo maior é furar a bolha e pegar o eleitor de centro, até o conservador moderado que valoriza soberania. Se der certo, pode melhorar a avaliação do governo e consolidar uma imagem de liderança forte. O que é importante para 2026. Mas tem riscos. Essa coisa de “ter lado” pode aprofundar a polarização. Tem eleitor que está cansado de briga, que quer moderação. E outra coisa: cria expectativa alta”, pontua.

Gisele ressalta que o cidadão comum pode não perceber a mudança do slogan imediatamente, mas deve ser bombardeado com a mensagem em propagandas, pronunciamentos, materiais oficiais. Segundo a especialista, a repetição, junto com ações concretas como a resposta ao Trump, pode construir essa percepção de ‘governo que me defende’.

“Mas é isso: tem que haver consistência entre o que fala e o que faz. Senão não vai colar”, ressalta.