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Policial

Corumbá tem registrado média de duas denúncias semanais de estupro de vulnerável

O último caso de estupro de vulnerável, com prisão, foi na semana passada. Domingos Sávio Sampaio da Silva, de 51 anos, acusado de estuprar a enteada de apenas 4 anos de idade

Diário Online

12 de Setembro de 2013 - 09:10

A Delegacia de Atendimento à Infância, Juventude e Idoso (DAIJI) tem registrado, nos últimos meses, uma média de duas denúncias de estupro de vulnerável por semana. A delegada titular da DAIJI, Priscila Anuda Quarti Vieira, atribuiu esse índice à conscientização da população sobre a necessidade de denunciar esse tipo de crime e de combate ao abuso de menores.

"As denúncias de abuso de menores têm aumentado, porém, isso não significa que o número de crimes tenha aumentado. Significa que as pessoas estão encorajadas em denunciar. É preciso que a população tenha ciência, cada vez maior, que essa prática é crime, que causa malefícios às crianças e adolescentes que são abusados e que somente denunciando é que as providências serão tomadas", explicou a delegada Priscila.

O último caso de estupro de vulnerável, com prisão, foi na semana passada. Domingos Sávio Sampaio da Silva, de 51 anos, acusado de estuprar a enteada de apenas 4 anos de idade, foi preso na terça-feira, 03 de setembro, durante uma ação conjunta de policiais da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Corumbá e da DAIJI.

O homem teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, após ser flagrado por uma tia da criança, abusando sexualmente da menina. Depois de o caso ser levado à Delegacia, uma irmã, maior de idade, da criança ficou responsável por ela até a apuração dos fatos. Segundo a titular da DAIJI, o padrasto ficou foragido e havia recém retornado à casa da mãe da criança e foi preso no bairro Generoso. Ele estava foragido desde 19 de julho e foi encaminhado para o Estabelecimento Penal de Corumbá.

"Depois desse caso, a DAIJI já registrou mais denúncias. Não podemos revelar detalhes para não atrapalhar as investigações. Somente a denúncia é que nos leva aos fatos. Não tem como a Polícia sozinha saber como as coisas ocorrem. Com relação a abuso sexual, precisamos que um vizinho, um parente, uma professora, alguém que esteja em contato com essa criança, que a observe se ela tem mudança de comportamento, se aparece com dinheiro sem explicação ou com sinais no corpo de abuso mesmo. Para quem está próximo a essas crianças, não é difícil identificar uma mudança de comportamento, ou a aproximação de suspeitos", ressaltou a delegada.

Priscila Vieira afirmou que 90% dos casos demoram anos para serem denunciados e que quando se tratam de familiares, como pai, padrasto, avô, há a situação do medo, pois, a maioria deles, para manter o abuso usa de ameaças.

"Um dos maiores problemas enfrentados é o fato de que a maioria dos abusadores é do seio familiar e ninguém desconfia que fossem capazes de tal ato. As denúncias demoram, pois em cerca de 80% dos casos o abusador é próximo à família, é alguém que a criança confia e usa essa relação de poder para praticar o ato. A criança não entende o ato como abuso, ela entende que é um carinho, um sinal de afeto e só depois de muito tempo é que ela passa a entender que foi abusada, que teve sua inocência retirada de uma forma criminosa, por isso, é que o atendimento psicológico é necessário, desde a hora da denúncia até o tempo suficiente que a vítima necessita para se recompor", enfatizou a delegada.

"Não há uma receita para identificar as agressões. Porém, a criança dá diversos indícios, como mudanças de comportamento bruscas, alterações fisiológicas, como xixi noturno, excesso ou perda de apetite. O importante é a família conhecer quem está no seio familiar, estar sempre atenta e cuidar ao máximo de suas crianças e não ter medo de denunciar, pois, a polícia fornece todo suporte necessário para denúncia dos casos e de reestruturação dessas famílias", explicou Priscila Anuda Vieira.

Apoio

A DAIJI de Corumbá possui atendimento humanizado, assim é chamado o trabalho de acolhimento da vítima e da família. A Delegacia de Atendimento à Infância, Juventude e Idoso conta com o serviço de uma psicóloga, cedida pela Assistência Social do Município. A Delegacia ainda conta com uma brinquedoteca. As denúncias podem ser feitas através do Disque 100 ou pelo telefone da DAIJI, o 3234-9900, de segunda a sexta-feira, das 08h às 18h.