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Policial

Fuga do "Maníaco da Cruz" provoca pavor em Rio Brilhante, após três assassinatos

O delegado Igor Mendes Ferreira, ao contrário da grande maioria dos rio brilhantenses, não acredita na volta do maníaco para a cidade.

Midia Max

06 de Março de 2013 - 15:50

Palco de cenas macabras em 2008, quando o ‘maníaco da cruz’ assassinou três pessoas, o município de Rio Brilhante, distante a 140 quilômetros da Capital, vive agora um novo dilema: o temor pela volta de Dionathan Celestrino, 21 anos, após a fuga da Unei (Unidade Educacional de Internação) de Ponta Porã, onde ele permanecia internado.

“Conheci esse menino quando ele ainda estava na barriga da mãe. Ele cresceu e eu não conversava com ele, mas jamais pude imaginar que ele fizesse algo com o meu filho. Hoje, meu medo é de uma neta que estuda à noite ser mais uma vítima dele. Já passei por depressão, loucura e até hoje fico ressentida com o que aconteceu”, diz Cláudia Gardena, 63 anos, mãe da primeira vítima do ‘maníaco da cruz’, o pedreiro 30 anos.

Apavorada, há dois dias sem dormir e tendo de frequentar um psiquiatra, Vilma Teresinha da Silva, 33 anos, mãe da última jovem morta pelo ‘maníaco’, quando Gleice Kelly tinha apenas 13 anos, diz que só ‘teria sossego se ele aparecesse morto’.

“Tenho mais duas filhas, uma inclusive com a mesma idade da irmã quando foi morta. Elas estão assustadas, desde domingo não andam mais sozinhas. O pior é vizinhos que ficam especulando, uma inclusive disse que o viu escondido atrás de uma mureta”, comenta Silva.

No dia da fuga, uma moradora de Rio Brilhante conta que acontecia um evento recreativo em um clube da cidade. “Assim que as crianças ficaram sabendo da notícia, várias delas entraram em contato para buscar mais cedo, com medo da vinda dele (Dionathan) para a cidade”, lembra a mãe.

Além das rodas de tereré, onde a conversa predominante é a fuga do ‘maníaco’, o radialista Olimar Gamarra, também explora o assunto na cidade. “Aparecem denúncias a todo o momento. Ontem mesmo uma moradora de Itaporã disse ter visto o assassino. São todas situações que a polícia precisa verificar, porém aqui temos a dificuldade do efetivo”, fala aos ouvintes.

Mãe de uma jovem que é aluna da mãe do ‘maníaco’, que está temporariamente afastada da escola onde trabalha, Lucilei Moreira, 48 anos, diz que a filha também está faltando às aulas. “Aqui não se fala em outra coisa. É algo cultural na cidade, antes mesmo dele fugir as pessoas falavam: Não vai pra rua por causa do maníaco e hoje, cinco anos depois, o pior aconteceu. Ele está mesmo solto”, acrescenta Moreira.

Conselheira conversou com ‘maníaco’ quando ele completou 18 anos

Frente a Frente com o psicopata, a presidente do Cedca/MS (Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente), Maria Carmem Matsunaka, conta como foram os momentos em que conversou com o jovem em 2011. “Ele havia recém-completado 18 anos e estava vencendo o prazo dele naquele local. De início, ele não quis receber ninguém, mas, como éramos da mesma cidade, ele me reconheceu na hora”, relembra ao Midiamax D. Carmem.

”Nós conversamos bastante e ele só falava que ia ser solto, que o defensor público já havia entrado com o pedido de soltura e com isso iria trabalhar e viver a vida dele. Mas, entre nós já sabíamos que o Ministério Público iria entrar com a interdição compulsória”, lamenta a conselheira.

De tudo o que foi dito na ocasião, a presidente diz que algumas coisas ficaram ‘marcadas’. “Ele falou que não era pra ninguém ficar preocupado porque ele iria para um lugar muito longe, que nem mesmo a mãe dele saberia onde era. Disse que iria se despedir dela ali mesmo, durante as visitas e foi aí que comprei um artesanato que ele fez. Era um porta jóia que me desfiz há dois meses”, comenta a presidente.

No calor da conversa, a presidente disse que o ‘maníaco’ chegou ao ponto de dizer que queria a liberdade a qualquer curso, nem que fosse morto no portão da saída. “É um caso difícil o dele, mas responsabilizo o Estado. Ele nos surpreendeu com a fuga e agora vamos levar a discussão adiante”, finaliza a presidente.

O delegado Igor Mendes Ferreira, ao contrário da grande maioria dos rio brilhantenses, não acredita na volta do maníaco para a cidade. “Acredito que em breve ele será recapturado. Peço para as pessoas não entrarem em desespero porque todos os órgãos de segurança estão envolvidos, não há porque de ter alarde. Qualquer informação as pessoas devem ligar para o 190 ou (67) 3452 – 7464”, conclui o delegado.


Graziela Rezende, de Rio Brilhante