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Policial

Medo atrapalha e só 20% das mortes são esclarecidas na fronteira em MS

Delegado diz que lei do silêncio impera na região e dificulta investigações. Disque-denúncia foi criado pela polícia, mas serviço ainda ajuda pouco.

G1 MS

16 de Setembro de 2015 - 15:54

Na fronteira seca do Brasil com o Paraguai, em Mato Grosso do Sul, os crimes de execução no meio da rua são um desafio para as polícias dos dois países. De um lado está a cidade brasileira de Ponta Porã, do outro, fica a cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero.

Enquanto em Campo Grande a resolução de homicídios chega a 100% neste ano, segundo o delegado Sidnei Alberto, na região de fronteira o índice não passa dos 20%. A maior dificuldade, segundo a polícia, é conseguir testemunhas que tenham visto o crime. O problema foi tema da série Segurança Que Eu Tenho, Segurança Que Eu Quero, do MSTV 1ª edição desta quarta-feira (16).

Quem vê ou ouve alguma coisa, dificilmente se dispõe a colaborar com a polícia. O medo se estende até para os familiares das vítimas, que temem represálias. O delegado Jarley Inácio ressalta que o maior problema na região é a cultura do medo em colaborar com o trabalho da polícia.

"A maioria dos homicídios estão ligados ao tráfico de drogas e à guerra pela tomada do poder [...] Infelizmente é uma região onde impera a lei do silêncio e tem grande dificuldade", ressaltou.

Para tentar mudar a situação, um disque-denúncia foi criado pela polícia na fronteira, mas o serviço ainda ajuda pouco nas investigações, segundo o delegado.

Investigação

A polícia afirma que a investigação de um homicídio, normalmente, é mais complexa que a de outros crimes e o sucesso da apuração depende das primeiras 48 horas após o assassinato. Nesse período, é preciso reunir o maior número possível de provas materiais e as testemunhas conseguem relatar com mais precisão o que viram ou ouviram.

De 2012 até hoje, a resolução de crimes de homicídios na capital teve aproveitamento de 73% em cada 100 deles. No interior, o número cai para 69%, em média, e o menor índice fica na região de fronteira.