Política
Distanciamento em nível nacional dificulta aliança entre PMDB e PT em MS
A leitura está sendo feita por analistas políticos a partir da mais recente declaração feita pelo governador André Puccinelli (PMDB)
Willams Araújo
27 de Maio de 2013 - 14:00
O distanciamento político entre PT e PMDB no plano nacional está dificultando, na prática, o fechamento de uma eventual aliança entre os dois grupos políticos adversários em Mato Grosso do Sul visando às eleições de 2014.
A leitura está sendo feita por analistas políticos a partir da mais recente declaração feita pelo governador André Puccinelli (PMDB) à imprensa nacional durante sua ida recente a Brasília.
Questionado por um repórter nos corredores palacianos sobre se o PMDB de Mato Grosso do Sul estaria fechado com o projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff para 2014, André Puccinelli limitou-se a dizer não sei, deixando em aberta a possibilidade de cumprir a promessa de apoio a petista, como passou a defender nos últimos dias.
Diante disso, o senador Delcídio do Amaral (PT) voltou a provocar seu adversário usando o Twitter na tentativa de jogar André Puccinelli contra a presidente. Tem gente, em MS, mais enrolada que bobina! Cada dia fala uma coisa... ("Não sei..."), disparou, ao linkar um vídeo do Youtube no qual aparece o governador dizendo à imprensa nacional que não sabe se o PMDB de MS apoiará a petista em 2014.
Há dias, o governador fez rasgados elogios ao governo da presidente Dilma durante sua vinda a Campo Grande no dia 29 de abril para a entrega de 300 ônibus escolares aos municípios.
Antes disso, porém, já havia declarado publicamente o desejo de montar um palanque para a presidente pedir votos na campanha do ano que vem, nem que fosse preciso pedir licença do PMDB na eventualidade de seu partido não apoiar a ideia.
Em Campo Grande, entre vaias e aplausos, Dilma e André fizeram um pacto pela governabilidade, insinuando uma aliança nas próximas eleições, embora não falaram em política, como muitos estavam esperando pelo fato dos últimos acontecimentos ocorridos no Estado envolvendo a paternidade na distribuição dos ônibus escolares.
Os desentendimentos envolveram o governador e o senador Delcídio do Amaral (PT), que por meio de sua página no twitter criticou o adversário de estar fazendo política com o chapéu alheio, ou seja, segurando os ônibus para fazer campanha junto aos prefeitos.
Para analistas, a aliança em nível estadual está cada vez mais distante no momento em que os principais caciques nacionais dos dois partidos não se entendem.
NACIONAL
Nesta segunda-feira (27), o blog do jornalista Josias de Souza publicado no site UOL traz a dimensão do problema envolvendo os dois partidos aliados no plano nacional.
Gente que conhece o PMDB por dentro e sabe fazer contas acha que Dilma Rousseff pode ter uma surpresa em 2014. Avalia-se que, com seu estilo, a presidente produziu no PMDB devastação semelhante à produzida pelo tornado que varreu há uma semana a região metropolitana de Oklahoma City, nos EUA, destaca o jornalista.
De acordo com a reportagem, em conversa com o repórter Jorge Bastos Moreno, Dilma tratou como favas contadas a renovação da aliança PT-PMDB. É matéria vencida, disse. Não é bem assim. Um amigo do vice-presidente Michel Temer, membro da Executiva nacional do PMDB, afirma: se a decisão tivesse de ser tomada hoje, a aliança correria riscos.
A matéria revela que a convenção que decidirá o destino do PMDB federal tem 523 delegados. Alguns votam mais de uma vez. A maior delegação vem do Rio: 51 delegados, com direito a 74 votos. Desafiado pelo PT no Estado, o governador Sérgio Cabral ameaça retaliar no plano nacional.
Ainda segundo o jornalista, a segunda maior delegação virá de Minas: 41 convencionais, com 62 votos. Ao nomear o deputado Toninho Andrade para a pasta da Agricultura, Dilma imaginou que havia pacificado o PMDB mineiro. Ao atrair 199 assinaturas para um pedido de CPI da Petrobras, o deputado Leonardo Quintão desfez a ilusão.
Candidato do PMDB a prefeito de Belo Horizonte em 2012, Quintão abriu mão da postulação para que o partido pudesse apoiar, a pedido de Dilma, o PT de Patrus Ananias. O deputado imaginou-se credor de um ministério. Não levou.
Para complicar, a presidente da Petrobras, Graça Foster, desalojou da diretoria Internacional da estatal Jorge Zelada, um apadrinhado do PMDB de Minas. O partido imaginou que indicaria o substituto. Com o respaldo de Dilma, Graça preferiu cuidar, ela própria, da área internacional, que passou a acumular com a presidência.
Dono da terceira maior delegação de convencionais 35 delegados, com 54 votos o PMDB do Ceará é comandado pelo líder do partido no Senado, Eunício Oliveira. Candidato ao governo do Estado, Eunício está às turras com o PT cearense. Em privado, prevê que a realidade local contagiará a cena nacional, acrescenta o texto.
O Paraná tem 37 convencionais, dois a mais do que o Ceará. Porém, tomada pela quantidade de votos (47), a delegação paranaense está na quarta posição. Nesse Estado, o PMDB está dividido basicamente em dois grupos. Um gravita na órbita do governo tucano de Beto Richa. Outro, comandado pelo senador Roberto Requião, torce o nariz para a ministra petista Gleisi Hoffmann (Casa Civil), candidata de Dilma ao governo do Paraná.
Com 32 delegados e 44 votos, a delegação de Santa Catarina é a quinta maior. Sob influência do ex-governador Luiz Henrique, hoje senador, o PMDB catarinense apoiou a candidatura presidencial de José Serra em 2010. A aliança PT-PMDB enfrenta dificuldades em pelo menos outras cinco praças: Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Goiás.
Josias assinala que em 2010, ao acomodar Temer no gabinete de vice, o PMDB imaginou que seria alçado ao Nirvana como os monges budistas chamam o estado de libertação do sofrimento. Dissemina-se no partido a impressão de que ocorreu o oposto. Na definição de um dos deputados mais influentes na bancada, Temer tornou-se um representante do governo no PMDB, não um homem do PMDB no governo.
Dito de outro modo: Temer traz para o partido as demandas do governo. Porém, na visão das bancadas, Temer não leva para o governo os pedidos do partido. No Planalto, demoniza-se o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ). Ignora-se, porém, uma evidência: o poder do desafeto de Dilma cresce na proporção direta do aumento da insatisfação da bancada que ele lidera.
Ele destaca que, em suas conversas privadas, Temer costuma perguntar aos peemedebistas que torcem o nariz para a renovação da aliança com Dilma: Qual é a alternativa? O caldo só não entornou por que a questão ainda não foi respondida. Vários diretórios estaduais do PMDB consideram a hipótese de abrir seus palanques para Aécio Neves (PSDB) ou Eduardo Campos (PSB).
Isso já é muito ruim para Dilma. Mas ficará muito pior se o azedume crescer a ponto de ameaçar a entrega do tempo de propaganda do PMDB no rádio e na tevê para a campanha reeleitoral da presidente petista observa o jornalista em seu blog. Com informações do UOL.




