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Política

'É lógico que é lento, economia é igual um transatlântico', diz Bolsonaro sobre resultado do PIB

PIB cresceu 0,4% no 2º trimestre, de acordo com IBGE.

G1

30 de Agosto de 2019 - 16:52

É lógico que é lento, economia é igual um transatlântico, diz Bolsonaro sobre resultado do PIB

O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta sexta-feira (30) manchetes dos jornais que ao noticiarem o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do 2º trimestre ressaltaram a lentidão da retomada da economia. Em seguida, o presidente reconheceu que a retomada é lenta e comparou a economia a um "transatlântico" – navio de passageiros de grande porte, para rotas de longa distância.

Bolsonaro deu a declaração na portaria do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, em conversa com jornalistas. O presidente levou em mãos três jornais e exibiu aos jornalistas reclamando do tom das manchetes.

Nesta quinta-feira (29), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB brasileiro cresceu 0,4% no 2º trimestre, na comparação com os 3 primeiros meses do ano. Em valores correntes, o PIB no segundo trimestre de 2019 totalizou R$ 1,780 trilhão.

"Lógico que é lento. A economia é igual a um transatlântico, não é de uma hora pra outra. Até a nossa casa, quando o pessoal está endividado é complicado, é devagar recuperar", disse Bolsonaro.

O resultado do PIB, embora reforce a leitura de maior fraqueza da economia em 2019, veio um pouco acima do esperado pelo mercadoe afastou o risco de entrada do país em uma recessão técnica, caracterizada por dois trimestres seguidos de retração do PIB. A alta de 0,4% foi o melhor resultado para segundos trimestres desde 2013 (2,3%).

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.

Segundo economistas ouvidos pelo G1, o crescimento de 0,4% da economia brasileira no segundo trimestre coloca o PIB esperado para 2019 mais perto de 1%. Mas a recuperação é lenta e ainda depende da agenda de reformas.

O presidente disse que os números são positivos, porque refletem números do investimento e não do consumo, que deverá ser estimulado com o pagamento de parte do 13º salário e a permissão de saque do fundo de garantia.

"Agora, de bom nesses números é porque vem em cima de investimento e não de consumo. O consumo vai vir um pouco no crescimento agora com a antecipação do 13º do INSS, e a questão também do FGTS. E vai ter um crescimento um pouco ai de fogo de palha. Quem diz isso são os economistas, não sou eu, porque eu não entendo nada de economia", afirmou.

Amazônia

O presidente disse que está prevista uma conversa nesta sexta-feira com a chanceler alemã Angela Merkel, por telefone.

Bolsonaro, que tem criticado a postura dos alemães frente as queimadas na Amazônia, afirmou que Merkel mudou o tom ao tratar da questão, mas não confirmou se vai aceitar a ajuda oferecida pelo presidente francês, Emmanuel Macron, em nome do G7 para combater aos incêndios na região.

"Ela começou com um tom, mas depois foi pra normalidade, e eu estou pronto para conversar com qualquer um, exceto nosso querido Macron, a não ser que ele se retrate sobre a nossa soberania da Amazônia, daí eu converso com ele", disse.

“Qualquer recurso de um país ou outro a gente conversa. Agora, o Macron quer doar em nome do G7. Isso não é verdade”, afirmou Bolsonaro.

O presidente também disse que seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que se encontrará nesta sexta com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode acertar uma ajuda dos americanos para ajudar no combate às queimadas.

De acordo com a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), 2019 foi o pior ano de queimadas na Amazônia desde 2010. O número de focos de incêndio em agosto superou a média histórica para o mês, divulgou o Instituo Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A Presidência informou nesta quinta-feira (29) que nove ministros viajarão na semana que vem à Amazônia para reuniões com governadores da região.

O governo federal quer discutir com os estados medidas de combate às queimadas, preservação da Floresta Amazônia e desenvolvimento econômico.

Embargo ao couro brasileiro

Questionado pelo G1 sobre a suspensão da compra de couro brasileiro por uma empresa estrangeira, Bolsonaro afirmou que se tratava de uma "fake news". Ao ser informado que a notícia havia sido confirmada, o presidente disse que a decisão foi precipitada.

"Se confirmou agora, eu vou ligar para a Tereza Cristina e ver o que a gente pode fazer. Agora, é precipitado também", disse Bolsonaro.

Ele se queixou ainda da ausência de suas fotografia em algumas embaixadas brasileiras no exterior.

"O que eu falei com o Ernesto Araújo [ministro das Relações Exteriores]. Temos que, todos os embaixadores, inclusive nas embaixadas, olha meu deus do céu, não tem minha fotografia nas embaixadas. Não sou narcisista não. Isso é uma questão de protocolo. Não tem. Será que tem embaixador pensando no Lula Livre um dia ainda? Então, nossas embaixadas tem que levar a verdade", afirmou.

Terras indígenas

Bolsonaro criticou novamente o número de demarcações de terras indígenas no Brasil. O presidente disse haver muita terra demarcada para pouco índio e questionou qual seria o interesse por trás disso.

"Decisão minha. Não sendo obrigado, não tem mais reserva indígena no Brasil. Muito pelo contrário. Vamos rever as que foram demarcadas com laudos, com muita suspeição de fraude no passado", disse.

Questionado se a revisão das demarcações não seria inconstitucional, o presidente afirmou que "se houver irregularidade, não é inconstitucional".

"Olha só, números aproximados. Tem 400 pedidos de reserva indígena. Hoje em dia o Brasil que tem 14% de terra demarcada para índio passaria para 20%. Pega uma região praticamente do tamanho da região sudeste e sul (...) Não acha que é muita terra pra índio não?", disse.

Abuso de autoridade

Sobre a lei de abuso de autoridade, o presidente voltou a sinalizar vetoao artigo que estabelece punições a autoridades que submeterem presos ao uso de algemas quando estiver claro que não há resistência à prisão, ameaça de fuga ou risco à integridade física.

A Câmara dos Deputados aprovou no início deste mês o projeto que define em quais situações será configurado o crime de abuso de autoridade. Como a proposta já tinha sido aprovada pelo Senado, ele seguiu para sanção do presidente. Bolsonaro tem até o próximo dia 5 para decidir.

Bolsonaro disse que vai atender ao seu "Centrão", formado pelos ministros da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, da Economia, Paulo Guedes e da Infraestrutura, Tarcísio Freitas. "Centrão" é o nome dado a um bloco de partidos na Câmara dos Deputados.

"Vai ser um veto necessário, que faça justiça. Nós reconhecemos que existe em alguns casos o abuso de autoridade. Mas não queremos é interferir no trabalho do combate à corrupção que é importantíssimo no Brasil", afirmou.