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Política

Mandetta: “Os mortos que os médicos de Cuba produzirem devem ficar na porta do Palácio do Planalto

Um dos discursos mais contundentes sobre a vinda de médicos estrangeiros para o Brasil

Assessoria

27 de Junho de 2013 - 14:35

Em um dos discursos mais contundentes e aplaudidos feitos no Congresso Nacional, o deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) posicionou-se radicalmente contra a intenção do governo Federal de trazer médicos estrangeiros para o Brasil, sem passar pelo Revalida, sistema que analisa a formação do profissional de saúde. “Os mortos produzidos pelos médicos cubanos devem ficar na porta do Palácio do Planalto”, disse Mandetta.

Segundo o deputado, todos têm um médico de referência da família. São médicos que estudaram muito, fizeram vestibular no Brasil, submeteram seus diplomas ao Conselho Federal de Medicina, ficando presos a um código com uma série de deveres e muitos poucos direitos. “Pergunte a qualquer médico o que ele acha da vinda de estrangeiros sem a revalidação de diplomas?”, questiona Mandetta.

Quanto à posição da Frente Nacional de Prefeitos, que reclama da falta de médicos nos municípios menores do Brasil, Mandetta foi claro: “Não estão nos municípios menores porque os médicos cansaram de levar calote de prefeito porcaria. Eu tenho, da minha geração, inúmeros colegas que foram para cidades do interior, com várias promessas, as mesmas que o governo Federal faz agora, de ganhar R$ 30 mil por mês, e ninguém vai, pois o vínculo é precário, não tem concurso público e não tem perspectiva de carreira. O que existe é um contrato quase verbal que, quando o prefeito satisfaz a sua gana política, rebaixa o salário para R$ 5 mil ao mês, até R$ 2 mil, para ver se o médico pede as contas, sem direito a nada, pois o médico é considerado descartável”, ataca o deputado Democrata.

Para Mandetta, é demagógica e eleitoreira a posição do governo Federal quando fala que a população quer mais médicos. “Para um governo que se pauta em marketing, os números diziam que o governo Lula tinha 60% de desaprovação na área da saúde; o governo Dilma já tem mais de 70% de desaprovação nessa área; no ano que vem, tem eleição presidencial e essa articulação (de trazer médicos estrangeiros) é para dar uma resposta eleitoreira para a população, que diz que quer mais médico, quando está querendo dizer que quer uma saúde melhor”.

Explicando em números, Mandetta disse que cada médico pede, em média, três exames por consulta. Se os novos médicos (estrangeiros) pedirem o mesmo número de exames, o sistema para. “Não sei se os cubanos, espanhóis ou portugueses pedem o mesmo número de exames. Não conheço a formação deles para prejulgá-los. Hoje, temos 300 mil médicos trabalhando. Se todos pedissem três exames, seriam 900 mil exames. O Brasil tem, hoje, a capacidade de fazer 300 mil exames. O resto vai para a fila. Tem exames, como ressonância magnética, que chega a demorar um ano para ser feito. Se você aumentar o número de médicos, teremos que, pelo menos, sextuplicar a capacidade instalada para manter o mesmo grau de ineficiência que temos hoje”, lembra.

Mandetta pede que, “antes de cobrar compromisso dos 17 mil médicos do SUS, temos que cobrar o compromisso do SUS com os 17 mil”, lembrando que um advogado, promotor, juiz, só vai para a cidade do interior porque tem garantia de receber mais de R$ 20 mil por mês, com todos os direitos. “Agora, um menino que passou em primeiro lugar em Medicina, no Piauí, por exemplo, vai seguir quem oferecer uma proposta melhor”.

Quanto às especialidades, Mandetta questiona alguns estudantes brasileiros da Bolívia e Paraguai, que conseguem transferir-se para faculdades brasileiras sem prestar o vestibular, sendo a mesma coisa que trazer profissionais de saúde estrangeiros para trabalhar no Brasil sem passar pelo revalida. “Os mortos que os médicos de Cuba produzirem vão ficar na porta do Palácio do Planalto. Teremos tempos negros se vierem médicos sem qualificação adequada. Deixo bem claro: aqueles que se submeterem à prova, e que forem de Cuba, da China, da Coreia, da Espanha, do Paraguai, da Bolívia, de qualquer país, e que foram aprovados no Revalida, são bem-vindos e terão seu cadastro feito no Conselho Federal de Medicina e vão disputar os postos de trabalho com os médicos brasileiros. Sem prova, a meu ver, o Ministro da Saúde, se assim o proceder, e os médicos que aprovarem isso, devem ter seus registros no Conselho Federal de Medicina suspensos, por estão prejudicando a população brasileira”, finaliza Mandetta.