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Política

PT teme sofrer desgaste político por conta de conflito agrário

Há dias, a presidente enfrentou manifesto de produtores rurais em Campo Grande, durante o ato de entrega de 300 ônibus do transporte escolar aos municípios.

Willams Araújo

01 de Junho de 2013 - 09:47

A alta cúpula do PT teme sofrer um profundo desgaste político por conta do conflito agrário que se agrava a cada dia em Mato Grosso do Sul e em outras regiões do País.

A morte do índio terena Oziel Gabriel, no último dia 30, em confronto com a polícia na Fazenda Buriti, em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande, deixou as principais lideranças do partido preocupadas com o efeito colateral que isso poderá provocar no futuro.

A preocupação é tanta que a presidente Dilma Rousseff se apressou em reunir ministros para uma conversa reservada no Planalto a fim de encontrar uma estratégia para o impasse.

Antes, a incumbência de mexer com a questão da demarcação de terras indígenas era apenas da ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, mas agora a própria presidente resolveu discutir o assunto pessoalmente, antevendo o desgaste que sua reeleição poderá sofrer em 2014.

Há dias, a presidente enfrentou manifesto de produtores rurais em Campo Grande, durante o ato de entrega de 300 ônibus do transporte escolar aos municípios. No entanto, não deu muita importância para o caso.

Aos gritos de “demarcação não”, eles também distribuíram vaias no momento em que os líderes políticos, inclusive a presidente, faziam uso da palavra como forma de sensibilizar as autoridades sobre a gravidade de um iminente confronto com os índios.

Dilma também não quer que isso influencie negativamente nas eleições do ano que vem em Mato Grosso do Sul, quando o senador Delcídio do Amaral (PT) deverá concorrer à sucessão do governador André Puccinelli (PMDB).

No Estado, o PT deve enfrentar o ex-prefeito de Campo Grande e secretário extraordinário de Articulação, Desenvolvimento Regional e dos Municípios, Nelsinho Trad, ou a vice-governadora Simone Tebet, pré-candidatos do PMDB à sucessão de André Puccinelli.

Na sexta-feira (31), a presidente convocou os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo; da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para uma conversa, da qual também participaram o advogado-geral da União, Luiz Inácio Adams, e o presidente da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Maurício Lopes.

Nesta segunda-feira (3), Dilma deve receber a cúpula do PMDB para tentar conter os ruídos e fissuras do Planalto com o partido.  Organizados, os peemedebistas segmentaram a pauta: o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), levará a demanda dos deputados do PMDB; o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), vai expor as queixas dos senadores do partido; e o vice-presidente Michel Temer detalhará os problemas com a legenda.

Nos estados, Dilma e o PT terão que trabalhar para a aliança com o PMDB não ruir em diversos locais. Na Bahia, em Mato Grosso do Sul, no Rio Grande do Sul e no Paraná, são grande os riscos de que a chapa nacional seja contaminada pela montagem dos palanques estaduais.

No Rio de Janeiro, o governador Sérgio Cabral (PMDB) não se cansa de emitir sinais de que a presidente terá problemas para garantir vantagem na corrida presidencial.

Há duas semanas, em jantar com o próprio Temer e demais governadores peemedebistas, Cabral classificou a existência de dois palanques para Dilma no estado – de Luiz Fernando Pezão (PMDB), candidato do atual governador, e de Lindbergh Farias, provável candidato do PT – como esquizofrênica, e ameaçou se aproximar do presidenciável tucano, Aécio Neves (PSDB/MG).

O PMDB quer dividir a responsabilidade da bagunça em que se transformou a relação do Planalto com a base aliada. Para integrantes da cúpula do PMDB, o governo não tem competência para controlar a própria base e “joga a culpa no colo de Renan e de Henrique Alves”.

Apesar disso, maioria dos peemedebistas defende a reeleição da presidente Dilma, apesar das defecções naturais em alguns estados, como Bahia, Pernambuco, Paraná e Mato Grosso do Sul, além da crise instalada no Rio.