Política
Riedel cria caso de família que pode chegar a Lula ao agradar Vander e enfurecer Zeca
Na coletiva de anúncio dos últimos secretários, Riedel negou problemas e afirmou que o PT participará de várias estruturas do governo.
Investiga Ms
28 de Dezembro de 2022 - 08:24

O governador eleito, Eduardo Riedel, nem começou e já tem problemas no casamento com o PT, que ajudou na sua eleição em Mato Grosso do Sul. Riedel ofereceu subsecretarias ao partido, que não aceitou e fez uma contraproposta. Na hora de sentar para dar a resposta, Riedel preferiu conversar com o deputado federal Vander Loubet (PT).
Riedel disse não e abriu uma crise com o PT, que pode dificultar até a relação com o presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva, amigo de frequentar a casa de Zeca do PT. O ex-governador seria um dos interlocutores entre o Governo do Estado e o Governo Federal antes de a relação azedar.
Na coletiva de anúncio dos últimos secretários, Riedel negou problemas e afirmou que o PT participará de várias estruturas do governo. “Não fico nesta discussão pela imprensa não. Eu sento com os parlamentares e converso, sob orientação.
Sempre falei: a política pública está vindo muito bem desenhada e pessoas que possam contribuir para executá-las serão muito bem-vindas. Como já temos nomes sugeridos pelo próprio partido para ocupar áreas específicas da agricultura familiar, povos originários”, afirmou.
Riedel realmente conversou, mas com Vander, que tem acesso direto à Brasília. Ele não imaginava o tamanho do desgaste que causaria ao ignorar o ex-governador Zeca do PT, que o chamou de boçal e arrogante, poucos dias depois de falar em composição.
Zeca já tinha falado em desrespeito de Riedel com a bancada do PT ao oferecer apenas subsecretarias e chegou a dizer para a reportagem que alguns já estavam aceitando farelos do novo governo. Avisou que não entraria neste jogo e seguiria independente. Pouco tempo depois, endureceu o discurso e agora já fala em oposição.
O novo governador, que caminhava para uma vida tranquila na Assembleia, já começa a ver os primeiros opositores. Zeca fará companhia a João Henrique, do rival PL, que já anunciou oposição a Eduardo Riedel. Rafael Tavares (PRTB) também alega que não será base e seguirá independente.
A bancada do PT deve fazer uma reunião para decidir se vai compor com Riedel ou não, visto que geralmente o partido vota em conjunto na Assembleia. Resta saber quem fará esta ponte entre Zeca e Riedel.
Vander seria um dos nomes, por ser sobrinho do ex-governador, mas o fato de ter atravessado o tio pode complicar este diálogo. A relação ficou complicada porque o PT fez contraproposta e mostrará fragilidade ao aceitar o que Riedel quis oferecer, ainda mais levando em conta que o partido tem hoje a presidência da República.
Nesta conta de momento, Riedel está precisando mais do PT que o partido dele. Talvez por isso tenha optado em falar direto com Vander, um dos dois deputados federais eleitos. Não imaginava que fosse criar tamanho problema na amistosa relação, até o momento, com Zeca do PT, que chegou a pedir votos pra ele já no primeiro turno da eleição, quando o PT ainda tinha candidato.




