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Saúde

10 milhões de brasileiros sofrem com transtornos alimentares

O problema de saúde afeta 4,7% das mulheres, na faixa etária de 18 a 24 anos.

Correio do Estado

13 de Março de 2022 - 19:37

10 milhões de brasileiros sofrem com transtornos alimentares
Transtornos alimentares afetam cerca de 10 milhões de brasileiros. Foto: Reprodução

Os transtornos alimentares (TA) são quadros psiquiátricos onde o indivíduo tem um relacionamento conflituoso entre a própria alimentação e o corpo. Segundo a Organização Nacional de Saúde (OMS), cerca de 10 milhões de brasileiros sofrem com TA, o número representa 5% da população no país. Desse percentual, 4,7% são mulheres jovens, de 18 a 24 anos.

Especialistas afirmam que um dos fatores que contribuem com o aparecimento de transtornos alimentares é a fome emocional motivada pela ansiedade. A psicóloga Stephanie Santos Mansour, psicoterapeuta de base psicanalítica, explica que a fome emocional não é um transtorno, mas está diretamente ligada à ansiedade.

” É uma forma de comer que passa dos limites, onde a pessoa encontra uma satisfação, uma calma. Como se fosse para controlar a ansiedade, mas, na verdade, isso não acontece, ela só pensa que acontece.”, pontua.

A Psicologa ressalta que existem vários tipos de transtornos alimentares, como, por exemplo, a anorexia, bulimia e a própria obesidade.

O tratamento, tanto dos transtornos alimentares como das compulsões, é feito através de uma equipe multidisciplinar formada por nutricionistas, psiquiatras, psicólogos e educadores físicos. “Cada transtorno tem uma forma adequada de tratamento”, inclui Stephanie.

Além do diagnóstico feito pelos profissionais, o indivíduo que sofre com TA deve realizar sessões de terapia para tratar a raiz da doença e identificar os motivos que desencadearam o problema. Assim, ele evitará episódios compulsivos e aprenderá a enfrentar, da maneira adequada, situações e sentimentos diários que colaboram com os transtornos ansiosos.

 "A maioria das vezes existem gatilhos que costumam ser traumas de infância, na adolescência ou na vida adulta. Por exemplo, uma perda de um emprego onde a pessoa está há muito tempo. Essa é uma das maiores queixas no consultório.", conclui.

O uso de medicamentos como antidepressivos e ansiolíticos não são incomuns para tratar transtornos ansiosos. Stephanie friza que a terapia evita que o paciente faça o uso de medicamentos por tempo indeterminado, muitas vezes durante a vida toda.

 “Às vezes a pessoa precisa de algo a mais, então o psiquiatra pode passar algum ansiolítico ou antidepressivo.”, acrescenta a psicóloga.

A nutricionista Beatriz Camargo destaca que é importante saber diferenciar a fome fisiológica da fome emocional. Ela explica que “fome” é o substantivo dado para a sensação física originada da necessidade de comer. Já a vontade de comer é classificada pelo desejo de sentir algum sabor específico.

 ”A vontade excessiva muitas vezes vem de algum tipo de restrição, que faz com que a vontade, que era corriqueira, fique maior por não ser atendida.”, esclarece.

Pandemia e alimentação

 Beatriz reconhece que a pandemia, ocasionada pela Covid-19, intensificou o comer de maneira emocional, ou seja, o comer sem que exista uma necessidade fisiológica.

 “Acredito que existe um sentimento desconfortável, seja ele tédio, cansaço, tristeza, medo ou solidão, e a pessoa tente "disfarçar" ou não pensar nele enquanto come algo gostoso.”, declara.

Para a psicóloga a pandemia acentuou os transtornos alimentares já existentes, e desencadeou novos.

”Principalmente os problemas ansiosos. Dentro dos transtornos ansiosos existem várias categorias, como: alimentares, fóbicos, sociais. Então com certeza ela intensificou sim!”, reforça Stephanie.