SIDROLÂNDIA- MS
Alvos da Operação Dirty Pix alegam empréstimos, pagamento eleitoral; maioria se cala em oitiva no MP
Por orientação dos advogados, os demais investigados optaram por permanecer em silêncio durante as oitivas.
Redação/Região News
27 de Novembro de 2025 - 13:38

Só dois dos 11 investigados na Operação Dirty Pix, o ex-vereador Cleyton Martins e o empresário Jacob Breure, diretor do Hospital Elmíria Silvério Barbosa, responderam às perguntas dos promotores do GECOC (Grupo Especial de Combate à Corrupção).
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Por orientação dos advogados, os demais investigados optaram por permanecer em silêncio durante as oitivas. O Ministério Público encerrou a fase de depoimentos e no máximo em duas semanas deve oferecer a denúncia com possível pedido de enquadramento dos envolvidos por três crimes: peculato, corrupção passiva e organização criminosa.
A investigação apura o desvio de parte dos R$ 5,4 milhões repassados pela Secretaria Estadual de Saúde ao hospital para a compra de uma ressonância magnética e um autoclave. Segundo o MP, parte desse dinheiro teria sido usada para pagar R$ 265 mil em propina a oito vereadores de Sidrolândia que exerciam mandato em 2022.
O ex-vereador Cleyton Martins, atual secretário municipal de Desenvolvimento Rural, admitiu ter recebido R$ 25 mil de Júlio César Alves da Silva, assessor político e representante comercial da empresa Pharbox, fornecedora dos equipamentos ao hospital.
Ele explicou que o dinheiro foi para custear despesas da campanha do então candidato a governador Eduardo Riedel, incluindo combustíveis.
Os repasses, segundo a investigação foram feitos em duas parcelas. O primeiro de R$ 5 mil, feito por Júlio César em 28 de setembro de 2022, que neste mesmo dia também fez transferência no mesmo valor para o ex-vereador Ademir Gabardo. Em 28 de outubro, dois dias antes do 2⁰ turno da eleição para governador, Cleyton recebeu mais R$ 20 mil via Pix da Farma Medical, empresa ligada à Pharbox.
O GECOC apurou que Júlio César recebeu R$ 582 mil de comissão pela venda dos equipamentos — sendo R$ 482,5 mil somente em outubro de 2022, dois meses antes da contratação ser concluída.
Uma parcela adicional de R$ 100 mil foi enviada em 21 de dezembro para a conta da esposa de Júlio, Adriele Nogueira. Dois dias depois , ela repassou R$ 70 mil ao diretor do hospital, Jacob Breure, por dois TED (Transferência Eletrônica Disponível).
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Segundo Breure, a transferência foi para quitar um empréstimo emergencial que teria feito a Júlio quando o motor do carro dele fundiu. Ele disse ter amizade com Júlio pela atuação deste na intermediação de emendas parlamentares destinadas ao hospital.
A “mesada” dos vereadores
A investigação aponta que os pagamentos funcionaram como uma espécie de salário extra, já que o subsídio mensal de um vereador em Sidrolândia é de R$ 10.128,90.
Alguns parlamentares receberam o equivalente a dois salários, e um deles embolsou o equivalente a 12 vencimentos em apenas dois dias. Os repasses partiram principalmente da Farma Medical, ligada à Pharbox.
Quem recebeu quanto
Pagamentos feitos pela Farma Medical ou Pharbox
Izaqueu de Souza Diniz (Gabriel Autocar – PSD):
- R$ 100 mil para sua empresa (27/10/22)
- R$ 20 mil na conta pessoal (28/10/22)
- Total: R$ 120 mil
Cledinaldo Cotócio (PSDB):
- R$ 25 mil (27/10/22)
- R$ 5 mil repassados diretamente por Júlio
- Total: R$ 30 mil
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Cleyton Martins Teixeira (MDB):
- R$ 20 mil (27/10/22)
- R$ 5 mil enviados diretamente por Júlio
- Total: R$ 25 mil
Pagamentos realizados por Júlia, filha de Júlio César
Após receber R$ 50 mil do pai (01/11/22) e valores posteriores, que ela repassou:
- Ademir Gabardo (Republicanos) – R$ 20 mil
- Cristina Fiúza (MDB) – R$ 20 mil
- Enelvo Felini Junior (PSDB) – R$ 20 mil
- Eliel da Silva (PSDB) – R$ 5 mil (22/12/22).
- Adriana Zarati Franco Brandão, esposa do vereador Adavilton Brandão (MDB), recebeu R$ 20 mil.




