SIDROLÂNDIA- MS
Mulher de homem que matou venezuelano derruba alegação de legítima defesa
A versão de legítima defesa apresentada por Airton Barbosa foi derrubada pelo depoimento de sua própria companheira.
Redação/Região News
01 de Outubro de 2025 - 17:14

A versão de legítima defesa apresentada por Airton Barbosa Louriano, 47 anos, preso em flagrante por matar o venezuelano Jean Carlos Ravelo Marchan e ferir Johan Gregorio Alvarez, foi derrubada pelo depoimento de sua própria companheira, grávida de cinco meses. O crime ocorreu na madrugada de domingo (28), no bairro Jatobá, em Sidrolândia.
De acordo com o boletim de ocorrência, por volta da 1h30, Airton caminhava com a companheira quando parou diante de uma residência onde um grupo de pessoas estava reunido. Ele pediu cigarro e dinheiro para comprar bebida alcoólica. A negativa gerou discussão e logo evoluiu para agressões físicas.
Armado com uma faca de aproximadamente 20 centímetros, que carregava na mochila, o pedreiro desferiu golpes contra Johan Gregorio Alvarez, atingido no rosto. Em seguida, atacou Jean Carlos Ravelo Marchan, que tentava apartar a briga, causando-lhe ferimentos fatais. Testemunhas ainda relataram que Airton imobilizou Johan por trás, colocando a lâmina em seu pescoço, antes de fugir com a esposa.
Prisão e contradições
A Polícia Militar iniciou buscas logo após o crime e localizou o suspeito poucas horas depois, na Rua Norival Lopes Morais, no mesmo bairro. Durante a abordagem, Airton confessou a autoria, alegando ter agido em legítima defesa para proteger a companheira.
A versão foi contestada por testemunhas e pela própria mulher do acusado, que em depoimento afirmou que não sofreu agressão por parte das vítimas e confirmou que Airton tinha o hábito de andar armado com faca. Ela ainda contou que, após o crime, ele chegou em casa dizendo acreditar que havia ferido um dos homens, acrescentando: “era ele ou eu”.
Delegada pede prisão preventiva
A delegada Bárbara Fachetti Ribeiro, responsável pelo caso, ressaltou a futilidade do motivo que levou ao crime e o histórico violento do acusado, incluindo denúncia anterior por feminicídio e registros de violência doméstica.
“O autor anda constantemente armado com faca, revelando sua disposição permanente para a prática de crimes violentos. Um simples desentendimento por cigarro ou bebida culminou em morte e lesão, o que demonstra sua periculosidade social”, destacou a delegada ao fundamentar o pedido de prisão preventiva.
Decisão do juiz
O pedido foi acolhido pelo juiz Bruce Henrique dos Santos Bueno Silva, que homologou o flagrante e converteu a prisão em preventiva. O magistrado destacou que estavam presentes os requisitos do artigo 312 do Código de Processo Penal: provas da materialidade, indícios suficientes de autoria e risco à ordem pública.
“A gravidade concreta da conduta, praticada por motivo fútil e com uso de arma branca, somada ao histórico de violência do réu, demonstra a necessidade da custódia cautelar. A liberdade do indiciado representa ameaça real à sociedade”, fundamentou o juiz.
Preso à disposição da Justiça
Com a decisão judicial, Airton segue preso na unidade policial de Sidrolândia, à disposição da Justiça. Ele foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio qualificado por motivo fútil e lesão corporal dolosa. O caso será levado a julgamento pelo Tribunal do Júri.




