SIDROLÂNDIA- MS
Policiais acusados de envolvimento com crime organizado são exonerados
O grupo foi acusado de exigir propina de contrabandistas, forjar boletins de ocorrência e se apropriar de mercadorias apreendidas durante o serviço.
Redação/Região News
07 de Novembro de 2025 - 13:50

O 2º sargento W.V.P, de 49 anos, e o cabo R.L.F, de 31 anos, que atuavam na 8ª Companhia Independente da Polícia Militar foram expulsos da corporação por envolvimento com o PCC (Primeiro Comando da Capital). Há 5 anos eles foram presos na Operação Piromania. A exclusão deles foi publicada no Diário Oficial do Estado desta sexta-feira (7).
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As portarias, assinadas pelo comandante-geral Renato dos Anjos Garnes, classificam os dois como moralmente incapazes de permanecer nas fileiras da Polícia Militar e colocam fim a um processo administrativo que se arrastava desde 2020, instaurado logo após as prisões.
A trajetória dos dois começou ainda em 2019, quando o Ministério Público Estadual denunciou ambos e outros três colegas à Justiça Militar. O grupo foi acusado de exigir propina de contrabandistas, forjar boletins de ocorrência e se apropriar de mercadorias apreendidas durante o serviço em Sidrolândia.
De acordo com a denúncia, os policiais chegaram a pedir R$ 200 mil para liberar carretas carregadas com cigarros paraguaios e, em outro episódio, ficaram com caixas de essência de narguilé, registrando depois uma perseguição falsa para justificar a abordagem. Também foram denunciados por peculato, ao reter brinquedos e eletrônicos apreendidos.
O caso resultou em condenações criminais por peculato e falsidade ideológica, e os dois chegaram a cumprir pena no Presídio Militar Estadual, em Campo Grande. Parte das acusações foi desclassificada ou considerada improcedente, mas não houve absolvição total.
Ligação com o PCC
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Em maio de 2020, os nomes de W.V.P e R.L.F voltaram a aparecer nas investigações da Operação Piromania, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Eles foram acusados de aceitar propina para liberar traficantes ligados ao PCC que transportavam meia tonelada de maconha pela MS-162, em Sidrolândia.
Conforme o Gaeco, os policiais liberaram J.Y.F.C, conhecido como “Douradinho”, e W.L.A, que atuavam como batedores de um Fiat Strada carregado com drogas. Interceptações telefônicas mostraram que o grupo acertou valores de propina e, dias depois, os militares procuraram os traficantes para receber o pagamento.
A operação revelou ainda que integrantes da facção ostentavam fotos queimando dinheiro para demonstrar poder. À época, cinco policiais militares foram presos e transferidos para o presídio militar.
Transferência e novas condenações
Em junho de 2020, após a operação, a Polícia Militar determinou a transferência dos três principais alvos – W.V.P, R.L.F e outro soldado – do 18º Batalhão de Sidrolândia para o Batalhão de Guarda e Escolta, em Campo Grande, por “inconveniência de permanência” na unidade.
Meses depois, R.L.F voltou a ser condenado, desta vez por peculato e falsidade ideológica em outro caso envolvendo eletrônicos contrabandeados do Paraguai apreendidos em 2019. Ele também chegou a ser citado na Operação Trunk, da Polícia Federal, que investigou facilitação de contrabando de cigarros, mas acabou absolvido neste processo.
Mesmo preso preventivamente, o cabo recebeu progressão funcional automática por tempo de serviço em 2020, o que gerou questionamentos internos. A PM explicou, na época, que o ato não se tratava de promoção, mas de cumprimento legal.
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Enquanto cumpria pena no Presídio Militar, ele ainda se envolveu em briga com outro preso durante uma partida de futebol, episódio que terminou em atendimento médico.
Expulsão definitiva
A decisão que resultou na expulsão foi tomada internamente pela Polícia Militar em 30 de setembro de 2025 e comunicada aos dois no início de outubro.




