Sidrolandia
Abandonado pela família, há dois meses de alta, paciente que sofreu AVC
De alta desde o último dia 2 de agosto, permanece no hospital, porque não tem renda para se manter, nem parentes que possam assumir a responsabilidade de cuidá-lo
Flávio Paes/Região News
28 de Outubro de 2015 - 10:16
Vítima de um AVC (acidente vascular cerebral), que lhe deixou sequelas, inicialmente a perda dos movimentos do braço e perna esquerda, tornando-o dependente de uma cadeira de rodas para se locomover, o pedreiro Vaildo Barbosa Dutra, que mora sozinho em Sidrolândia, para onde veio em 1999 trabalhar na construção de casas nos assentamentos.
De alta desde o último dia 2 de agosto, permanece no hospital, porque não tem renda para se manter, nem parentes que possam assumir a responsabilidade de cuidá-lo. Ele morava de favor num lote no Assentamento Eldorado. Sua situação comoveu os funcionários do hospital que praticamente o "adotaram", o mantendo como hóspede e redobrando os cuidados com suas medicações, refeições e higiene pessoal.
Hoje, ele depende da ajuda de terceiros para atos rotineiros, como o de tomar banho. A enfermeira Regiane Jacobesen o leva para passar os finais de semana na casa dela. Com o apoio da capelania do hospital, os funcionários na segunda-feira fizeram até uma festinha para comemorar o seu aniversário, com direito a bolo e cachorro-quente.
É difícil acreditar que este homem de 50 anos completados no domingo, dia 25, agora com a saúde fragilizada, tenha conquistado a simpatia das pessoas que mal o conhecem, não desperte o mesmo sentimento nos seus três filhos, todos moradores do estado de Goiás.
Antes que se façam julgamentos precipitados por nenhum deles demonstrar o menor sentimento de efetividade pelo pai, é preciso levar em conta que foi em 2000, portanto há 15 anos, a última vez que o senhor Vaildo os viu. Naiane Barbosa, a filha caçula, hoje com 20 anos, na época era uma menina de 5. O mais velho, Naiam, era um adolescente de 11 e a do meio, Naiara Barbosa, tinha só 9 anos, todos residentes em Goiás. Ou seja, não é fácil manter qualquer vinculo afetivo depois de tanto tempo de ausência.
Segundo o defensor público, Gustavo Pinheiro,que foi quem levantou todo este histórico permeado de desestruturação familiar. Mesmo que judicialmente se consiga obrigar estes filhos a ficar com o senhor Vaildo, dificilmente uma medida impositiva desta natureza teria efetividade, isto não mudaria a imagem e o sentimento de que ele foi o pai que os abandonou ainda crianças.
Acionado pelo hospital, o primeiro desafio do defensor foi descobrir a real identidade do paciente, que chegou ao hospital dia 11 de julho sem documento, possuindo apenas uma segunda via do seu registro de nascimento e estava tão mal que até o nome com que se apresentou (Evaildo) estava errado.
Através de correspondências, foram localizados três irmãos dele. Um está acamado, paciente de câncer; uma irmã é cadeirante, enquanto a terceira mostrou disposição de cuidar dele. A defensoria chegou até a iniciar providências para enviar uma passagem para ela vir a Sidrolândia, mas desistiu diante da informação das suas precárias condições econômicas, morando num barraco em Rio Verde de Goiás.