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Sidrolandia

Após paralisação, Santa Casa vai descontar dia de trabalho dos técnicos em enfermagem

A Santa Casa afirma que reconhece o direito de reivindicação dos funcionários, mas classifica a paralisação como um ato desnecessário

Midiamax

11 de Janeiro de 2013 - 11:00

A direção da Santa Casa de Campo Grande anunciou que irá descontar o dia de trabalho dos técnicos em enfermagem que fizeram paralisação de meio turno, na manhã de ontem (10).

De acordo com Cristiane Ost, gerente de enfermagem do hospital, os 68 funcionários do período matutino que deveriam começar o trabalho às 6h30, bateram o ponto e ao invés de assumir seus postos foram a um assembleia do sindicato da categoria, realizada no saguão da entrada externa da instituição.

Ainda segundo Ost, os técnicos em enfermagem iniciaram a atividade apenas as 9h30. A insatisfação da categoria se deu devido ao atraso de dois dias do pagamento, que deveria ter sido depositado no 5° dia útil, na terça-feira (8) e foi liberado ontem, por volta do meio dia.

A entidade informou que fará a aplicação de medidas disciplinares cabíveis. “Os funcionários que paralisaram a atividade deveriam ter ido para suas casas, pois tivemos que readequar os outros trabalhadores e já não contávamos mais com eles quando assumiram seus postos. Eles serão advertidos e terão o ponto do dia descontado”, afirmou.

A Santa Casa afirma que reconhece o direito de reivindicação dos funcionários, mas classifica a paralisação como um ato desnecessário. “Foi uma iniciativa e impetuosa realizada de forma desorganizada, sem informar previamente a direção do hospital para que pudéssemos nos adequar e remanejar os demais funcionários para os postos que ficaram desfalcados. Trata-se de uma atividade que não pode haver descontinuidade”.

A demissão dos funcionários foi descartada pela instituição. “A paralisação não considerou os aspectos éticos, morais e sociais, sendo cabível até a demissão por justa causa, mas em reunião decidimos por medidas administrativas”, considerou.

O setor de enfermagem da Santa Casa conta, ao todo com 1,2 mil funcionários entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. No período da manhã em que houve a paralisação atuam 330 trabalhadores. Os postos afetados foram a Central de Material, Centro Cirúrgico, Terapia Intensiva Cardíaca, Unidade Coronariana e Pronto Socorro e entre as consequencias ocorreram atrasos de administração de medicação, suspensão de curativos e suspensão de transferência de pacientes de setores.

“A unidade do PS estava cheia e esse é o setor que mais prejudica a população com a paralisação. Essa é uma atividade essencial, não é um comércio. Não há embasamento legal e o atraso do pagamento foi de apenas dois dias, ressaltando que o hospital teve a preocupação de comunicar os funcionários do impasse a partir do momento em que ficou ciente dessa possibilidade”, comentou Roseli Coelho Scandola, advogada do Sindhesul (Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de Mato Grosso do Sul).

A justificativa apresentada pela Junta Interventora da Santa Casa pelo atraso na liberação da folha de pagamento foi devido a problemas burocráticos, que tinham impedido a transferência dos recursos provenientes do SUS, governo do Estado e do próprio município e que são geridos pela prefeitura.

O presidente do Siems (Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul), Lázaro Santana, afirmou que a entidade irá se posicionar juridicamente. “Está acontecendo a mesma coisa que houve quando realizamos assembleias no ano passado para discutir o reajuste salarial. O que a Santa Casa está fazendo é perseguição aos funcionários para que não haja representação dos trabalhadores nos movimentos do sindicato”.