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Sidrolandia

Com adiamento de solução para conflito, terenas prometem reunir mais de mil em manifestação

O ato desta tarde será mais um recado para a presidente Dilma: os índios não vão aceitar passivamente um eventual adiamento.

Flávio Paes/Região News

06 de Agosto de 2013 - 10:54

Foto: Marcos Tomé/Região News

Com adiamento de solução para conflito, terenas prometem reunir mais de mil em manifestação

Lideranças indígenas, fazendeiros e representantes da Famasul

Contrariados com a decisão do Governo Federal de adiar de segunda-feira para quarta-feira o anúncio de uma solução que coloque fim ao conflito entre fazendeiros e índios que reivindicam 15 mil hectares como terra indígena, os terenas da Reserva Buriti prometem uma grande manifestação nesta terça-feira a partir do meio-dia, quando esperam reunir mil pessoas na Fazenda Buriti e podem descer a rodovia e bloquear a MS-162 (trecho Sidrolândia e Quebra Coco).

O ato desta  tarde será mais um recado para a presidente Dilma: os índios  não vão aceitar passivamente um eventual adiamento. Independente do que for anunciado amanhã (compra, arrendamento ou desapropriação da área) os terenas não pretendem deixar as 27 fazendas que já retomaram  e avançar sobre as quatro áreas que ainda não entraram: Fazenda São Sebastião, Fazenda Vassoura, Fazenda Furna da Estrela e Fazenda Água Clara.

Além dos índios, os próprios fazendeiros  estão insatisfeito com a decisão do Governo que não cumpriu o compromisso firmado no dia 20 de junho, pelo ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Na ocasião, durante encontro com representantes dos índios, fazendeiros e do Governo do Estado, o ministro anunciou uma solução para o dia 05 de agosto. Até agora nem foi concluído o trabalho de avaliação das propriedades, cuja compra a presidente Dilma Roussef teria autorizado

Segundo o advogado dos fazendeiros, Newley Amarila, caso a proposta da União não agrade aos produtores rurais, o conflito continuará na Justiça. Sobre os possíveis conflitos que possam acontecer no local, o advogado afirmou que todos estão “aptos a responder com violência, se necessário for”, caso os índios ataquem os fazendeiros.

“O Governo veio aqui, fez a proposta para acabar com o conflito e não deu resposta. Nós estamos apreensivos. Se o Governo não vier com uma proposta séria de compra das terras, não vai solucionar. Quem criou todo esse problema foi o Governo. Ele resolveu demarcar as terras e a Justiça cancelou a demarcação. Agora, o Governo tem que assumir a responsabilidade”, avaliou.

Com adiamento de solução para conflito, terenas prometem reunir mais de mil em manifestaçãoO adiamento da reunião, com o Governo Federal, que colocaria um ponto final na disputa por terras em Mato Grosso do Sul, reascendeu a iminência de um conflito entre índios e produtores no interior do Estado. O dono da Fazenda Buriti – que fica em Sidrolândia e serviu de palco para confusões e morte do índio terena Oziel Gabriel durante reintegração de posse – Ricardo Bacha, disse que está disposto a vender a propriedade rural para o Governo Federal. Mas, ele quer que a União pague o valor de mercado das terras. “Não temos alternativa. Ou vendemos ou vamos entrar em guerra”, opinou.

Avaliada em R$ 4,5 milhões, a Fazenda Buriti possui 302 hectares. “Eles [Governo Federal] têm que pagar o preço que de fato vale. O preço do hectare gira em torno de R$ 15 mil. Mas estão querendo subvalorizar. Estou ouvindo conversas de que o hectare vale R$ 6 mil”, explica. Bacha afirma que a União está omissa quanto à questão. Para o produtor, se o governo oferecer cerca de R$ 6 mil por hectare, os produtores da Reserva Buriti não aceitarão o acordo e o conflito não será resolvido.

Ao todo, 31 fazendas fazem parte da reserva requerida pelos indígenas. Os terenas pedem 15,2 mil hectares da região, considerados terras indígenas. Dessas propriedades, apenas quatro não foram ocupadas pelos índios: “Não vou dizer que todos querem vender suas terras, mas muitos sinalizaram que sim, mas tem que ter o valor real de mercado”, explica Bacha sobre a posição dos demais produtores da reserva.